Com 331 votos a favor, Michel Barnier é afastado do cargo após três meses de governo sob pressão política.
04 de Dezembro de 2024 às 21h02

Parlamento francês aprova moção de censura e depõe primeiro-ministro Michel Barnier

Com 331 votos a favor, Michel Barnier é afastado do cargo após três meses de governo sob pressão política.

A Assembleia Nacional da França aprovou nesta quarta-feira (4 de dezembro de 2024) uma moção de censura que resultou na deposição do primeiro-ministro Michel Barnier. A decisão, que contou com 331 votos favoráveis, obriga Barnier a entregar seu cargo ao presidente Emmanuel Macron, que o nomeou em 5 de setembro deste ano.

A votação foi impulsionada pela insatisfação crescente entre os parlamentares, especialmente após Barnier ter utilizado, na última segunda-feira (2 de dezembro), um procedimento controverso que lhe permitiu aprovar o orçamento sem a passagem pelo crivo do Legislativo. Essa manobra gerou reações negativas entre os opositores, culminando na moção de censura apresentada pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP).

Com a aprovação da moção, Barnier se torna o segundo primeiro-ministro a ser deposto desde a criação da Quinta República Francesa, em 1958. O primeiro foi Georges Pompidou, que sofreu o mesmo destino em 1962. A rápida queda de Barnier também o torna o premiê com o mandato mais curto na história recente do país.

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O clima político na França se tornou ainda mais tenso após as eleições parlamentares de junho, que resultaram em uma divisão significativa entre os partidos. Embora a NFP tenha conquistado 182 cadeiras na Assembleia, não conseguiu a maioria absoluta necessária para governar, deixando Macron em uma posição delicada ao escolher um primeiro-ministro que não fosse da oposição.

O presidente Macron, segundo informações do jornal Le Monde, já está em busca de um novo nome para assumir o cargo de primeiro-ministro. A crise política atual, somada à insatisfação com o orçamento de Barnier, que foi criticado por propostas de cortes e aumento de impostos, torna a tarefa de formar um novo governo ainda mais desafiadora.

Barnier, que é um político tradicional de direita e ex-negociador da União Europeia no Brexit, enfrentou dificuldades desde sua nomeação. Sua gestão foi marcada por descontentamento em relação às medidas de austeridade e pela necessidade de atender a um parlamento fragmentado. A moção de censura e seu consequente afastamento refletem as tensões persistentes na política francesa, que se agravam à medida que o país se aproxima das eleições presidenciais de 2027.

Com a deposição de Barnier, os desafios para Macron se intensificam, uma vez que ele precisará não apenas de um novo primeiro-ministro, mas também de uma estratégia que una as diversas facções do parlamento. A situação atual levanta questões sobre a estabilidade do governo e as possibilidades de novas coalizões políticas à medida que o país busca soluções para seus problemas econômicos e sociais.

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