Governo deve trocar presidência do conselho da Petrobras ainda este mês; ações caem
A mudança no comando do conselho da Petrobras pode impactar ações da estatal e ocorre em meio a reestruturações internas.
O governo federal está se preparando para uma mudança na presidência do conselho de administração da Petrobras, prevista para ocorrer ainda este mês. Segundo fontes a par das discussões, o atual presidente, Pietro Mendes, que é próximo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, será indicado para a presidência da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e, por isso, precisará deixar seu cargo na estatal para evitar conflitos de interesse.
O economista Bruno Moretti, ligado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, é o nome mais forte para assumir a presidência do conselho da maior empresa do Brasil. A Petrobras, até o fechamento desta edição, não havia comentado oficialmente sobre a possível mudança em sua estrutura de liderança.
Com a divulgação das informações sobre a troca no comando, as ações da Petrobras apresentaram uma queda significativa na B3, a bolsa de valores brasileira. As ações ordinárias (PETR3) recuaram 0,96%, enquanto as preferenciais (PETR4) cederam 0,63%. Isso contribuiu para que o índice Ibovespa também encerrasse o dia em baixa de 0,04%, atingindo 126.087,02 pontos.
A mudança na presidência do conselho foi pensada com o objetivo de manter a correlação de forças entre os administradores, sendo que seis dos 11 membros são indicados diretamente pelo governo. De acordo com uma fonte que preferiu não se identificar, o governo aguardará a aprovação da indicação de Mendes no Senado antes de comunicar oficialmente a Petrobras sobre a mudança.
O cenário mais provável, conforme apurado, é que Pietro Mendes renuncie à presidência antes da reunião do conselho marcada para 20 de dezembro ou durante esse encontro, momento em que o novo indicado será anunciado.
Moretti é o candidato mais cotado para o cargo, mas outros conselheiros do governo também podem ser considerados. A recente troca de comando se segue a um período conturbado, onde Pietro Mendes e Jean Paul Prates, ex-presidente executivo da empresa, enfrentaram conflitos sobre diretrizes estratégicas, que foram amplamente discutidos publicamente.
Uma fonte próxima às negociações afirmou que a mudança de presidência está alinhada à relação entre os ministros Silveira e Costa, que compartilham planos comuns para a Petrobras. A única indicação que poderia destoar desse alinhamento seria a de Rafael Dubeaux, conselheiro próximo ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A saída de Pietro Mendes abrirá uma vaga no conselho da Petrobras. O nome do advogado Benjamin Alves Rabello, próximo a Silveira e que já foi indicado anteriormente, circula entre as opções. No entanto, sua entrada ainda não está garantida.
As indicações e aprovações, inclusive a de Magda Chambriard, atual presidente da estatal, deverão ser ratificadas em assembleia de acionistas agendada para 16 de abril. A reestruturação da Petrobras ocorre em um contexto onde o governo Lula promoveu mudanças significativas na cúpula da empresa, aumentando a influência dos ministros Silveira e Costa nas decisões estratégicas da companhia.
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