Andrei Rodrigues defende a autonomia da PF durante encontro com jornalistas em Brasília.
05 de Dezembro de 2024 às 04h38

Diretor da Polícia Federal afirma que críticas de Lira não prejudicarão investigações

Andrei Rodrigues defende a autonomia da PF durante encontro com jornalistas em Brasília.

BRASÍLIA – O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, manifestou, nesta quarta-feira, 4, que as críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não interferirão nas investigações em curso sobre deputados que questionaram a atuação da corporação. Durante um café da manhã com jornalistas, Rodrigues reafirmou o compromisso da PF em seguir os procedimentos legais.

As declarações de Lira foram em resposta ao indiciamento dos deputados Marcel Van Hattem (NOVO-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que expressaram descontentamento com o trabalho da PF. “Atrapalhar, zero. Nós não vamos afastar um milímetro daquilo que nos pauta, que é a Constituição e as leis. Isso é o que pauta todas as nossas investigações e nos dá a capacidade de dar respostas ao sistema de justiça criminal”, declarou Rodrigues.

Em suas críticas, Marcel Van Hattem acusou o delegado Fábio Alvarez Shor de abuso de autoridade e de manipulação de relatórios. Shor está envolvido em investigações que dizem respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a apuração sobre a tentativa de golpe de estado no final de 2022. “Sabe o que todos esses (investigados) têm em comum? Todos eles divulgaram foto de mais um abusador de autoridade da PF, Fábio Alvarez Shor”, afirmou Van Hattem no plenário da Câmara em agosto, reiterando sua posição de que os relatórios do delegado seriam fraudulentos.

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No final de novembro, Lira já havia se manifestado contra o indiciamento de parlamentares por conta de suas falas no Parlamento, afirmando que “não se pode cercear o direito fundamental ao debate e à crítica em tribuna, mediante ameaças de perseguição judicial ou policial”. O presidente da Câmara enfatizou que o Parlamento não pode ser alvo de ingerências externas que limitem a liberdade de expressão dos deputados.

Rodrigues, por sua vez, destacou que a imunidade parlamentar não é um “direito absoluto” e que a Constituição protege a honra dos cidadãos. Ele questionou: “Vocês imaginam alguém ir à tribuna da Câmara e começar a anunciar ali a venda de cocaína, a venda de maconha? É aceitável isso? É razoável? É liberdade de expressão isso?”

Além de abordar as investigações em andamento, Rodrigues também comentou sobre os planos da Polícia Federal para 2025. Ele informou que novas buscas e apreensões já foram realizadas para elucidar aspectos do plano golpista e que novos depoimentos de testemunhas estão previstos, conforme determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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