Endividamento das famílias aumenta para 77% em novembro, após quatro meses de queda
O aumento no endividamento e na inadimplência é atribuído à necessidade de crédito para compras de fim de ano.
O endividamento das famílias brasileiras apresentou um leve aumento em novembro, subindo de 76,9% para 77,0% em comparação ao mês anterior, conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Este é o primeiro aumento após quatro meses consecutivos de queda.
Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, essa reversão era esperada. Ele afirmou que “os consumidores estão precisando de mais crédito para conseguirem realizar as compras de fim de ano”. O resultado de novembro é superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando 76,6% das famílias estavam endividadas.
Apesar do aumento no número de endividados, a CNC destaca que os brasileiros estão adotando uma gestão mais cautelosa de seus orçamentos. A proporção de consumidores que se consideram “muito endividados” caiu para 15,2%, o menor nível desde novembro de 2021. Bentes ressalta que “a recuperação do consumo depende de uma gestão responsável do crédito”, e que, embora o endividamento tenha aumentado, o impacto na renda mensal tem diminuído, refletindo o esforço das famílias em manter suas contas equilibradas.
A CNC projeta que o endividamento deve continuar a crescer em dezembro, alcançando 77,2%, impulsionado pelas compras de Natal. A inadimplência, por sua vez, deve se estabilizar em 29,4%, em função do ajuste das famílias ao cenário de juros altos.
A pesquisa considera as dívidas que incluem contas a vencer nas modalidades de cartão de crédito, cheque especial, carnês de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, e prestações de carro e casa. A fatia de consumidores com contas em atraso aumentou de 29,3% em outubro para 29,4% em novembro.
A proporção de consumidores que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas vencidas subiu de 12,6% para 12,9%. Apesar da alta na inadimplência, o percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias recuou para 49,6%, após cinco meses de aumento nesse indicador.
O estudo também revela que 35,9% das famílias estão comprometidas com dívidas por mais de um ano, o maior índice desde dezembro de 2021. A pesquisa aponta que, mesmo com os gastos de fim de ano, as dívidas consomem uma proporção cada vez menor da renda das famílias.
Por fim, o levantamento indica que as famílias de renda mais baixa estão enfrentando maior endividamento. No grupo com renda familiar de até três salários mínimos, a proporção de endividados aumentou de 80,8% para 81,1%. Na classe média baixa, essa taxa subiu de 77,5% para 77,7%, enquanto no grupo com renda acima de dez salários mínimos, a proporção caiu de 67,1% para 66,7%.
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