Polícia Federal solicita compartilhamento de provas entre investigações do golpe e Abin
Investigadores acreditam que dados podem ajudar a esclarecer uso ilegal da agência de inteligência
A Polícia Federal (PF) formalizou um pedido ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para autorizar o compartilhamento de provas coletadas nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. O objetivo é integrar essas informações às apurações referentes à chamada 'Abin Paralela', que envolve a atuação irregular da Agência Brasileira de Inteligência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Assinado pelo delegado Fábio Shor, o pedido destaca que as evidências obtidas na investigação do golpe podem ser cruciais para elucidar o uso indevido da Abin, que, segundo a PF, teria sido utilizada para monitorar ilegalmente autoridades públicas. “Os elementos de prova colhidos durante a fase ostensiva da presente investigação poderão subsidiar as apurações relativas à constituição criminosa de uma estrutura de inteligência paralela dentro da Abin”, afirmou Shor.
As investigações indicam que servidores da Abin, assim como policiais federais cedidos à agência, estariam envolvidos em uma organização criminosa, cujo objetivo era disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral e apoiar estratégias de ataque às instituições democráticas. O delegado enfatizou que tais ações podem resultar em responsabilizações administrativas para os envolvidos.
No mês passado, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 aliados pela tentativa de golpe, que incluía planos para assassinar figuras políticas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. As investigações revelaram que a Abin teria sido instrumentalizada para apoiar esses objetivos, levantando preocupações sobre a integridade das instituições democráticas.
A operação, que ficou conhecida como Contragolpe, foi deflagrada em novembro e revelou um plano que incluía ações violentas contra líderes políticos. De acordo com a PF, o grupo envolvido no esquema tinha um elevado nível de conhecimento técnico-militar, o que complicou ainda mais a situação.
Enquanto a investigação sobre o golpe foi concluída, com indiciamentos já realizados, a apuração sobre a Abin segue em andamento, com expectativa de finalização em breve. A PF acredita que o compartilhamento de provas entre as investigações poderá fortalecer o processo de responsabilização de todos os envolvidos, seja na esfera penal ou administrativa.
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