CVM inicia processo administrativo após denúncias do Itaú contra ex-executivo
Comissão de Valores Mobiliários investiga acusações de violação de normas internas por ex-diretor financeiro do Itaú.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu início a um processo administrativo nesta segunda-feira, 9 de dezembro, para investigar as denúncias apresentadas pelo Itaú Unibanco contra seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel, e o renomado contador Eliseu Martins. A abertura do processo ocorre em um contexto de crescente tensão entre o banco e seus antigos executivos, após o Itaú ter denunciado publicamente as supostas irregularidades.
De acordo com informações divulgadas, a CVM não forneceu detalhes específicos sobre o processo, limitando-se a afirmar que a ação foi motivada por “notícias, fatos relevantes e comunicados” que surgiram durante a supervisão de mercado realizada pela sua Gerência de Acompanhamento de Empresas. Este tipo de procedimento preliminar é comum e pode resultar em um processo administrativo sancionador, caso sejam encontrados elementos probatórios suficientes.
Fontes ligadas ao Itaú relataram que representantes do banco se reuniram com a equipe técnica da CVM na última sexta-feira, antes da divulgação das denúncias contra Broedel e Martins. A expectativa de que a CVM tomasse essa medida já era considerada alta, dada a relevância do Itaú no mercado financeiro brasileiro.
As acusações contra Broedel incluem a violação de políticas internas do banco e a existência de um conflito de interesses, uma vez que ele teria recebido pagamentos por meio de sua sociedade com Eliseu Martins, que atua como consultor e contador. Broedel, que deixou o Itaú em julho para assumir um cargo no Santander na Espanha, nega as acusações e afirma que tomará medidas judiciais para se defender.
O Itaú protocolou um protesto na Justiça buscando reaver os recursos que, segundo a instituição, foram indevidamente recebidos por Broedel. O banco argumenta que o ex-executivo, mesmo após sua demissão, continuou vinculado à empresa como administrador licenciado, o que contraria as normas de desincompatibilização. Além disso, o Itaú alega que Broedel prestou serviços de consultoria enquanto ainda era funcionário, o que também violaria o código de ética da instituição.
As investigações internas do Itaú, que começaram em agosto, resultaram na demissão definitiva de Broedel em setembro. Durante esse período, o banco identificou que Broedel e Martins eram sócios na Broedel Consultores desde 2012, uma informação que não foi comunicada aos controles internos do Itaú. Os dados apresentados pelo banco indicam que, entre 2019 e 2024, Broedel contratou 40 pareceres da Care Consultores, onde Martins é sócio, totalizando pagamentos que ultrapassam R$ 13 milhões.
O Itaú também informou que as transferências realizadas entre suas empresas e Broedel não impactaram suas demonstrações financeiras ou as de outras companhias do grupo. As acusações foram comunicadas ao Banco Central, que optou por não se manifestar sobre o caso até o momento.
O desdobramento deste caso pode ter implicações significativas tanto para o Itaú quanto para os envolvidos, à medida que a CVM avança em sua investigação e busca esclarecer as circunstâncias que cercam as denúncias feitas pelo banco.
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