Presidente do STF diz que não pautará julgamento em 2025 sem mais discussões com a sociedade
10 de Dezembro de 2024 às 10h38

Barroso afirma que debate sobre descriminalização do aborto ainda não está maduro

Presidente do STF diz que não pautará julgamento em 2025 sem mais discussões com a sociedade

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, declarou nesta segunda-feira (9) que não pretende pautar para 2025 o julgamento sobre a descriminalização do aborto no Brasil. Segundo Barroso, o tema ainda não foi debatido de forma suficiente e a sociedade carece de uma discussão mais aprofundada antes que a Corte tome uma decisão definitiva.

Barroso ressaltou que, embora o aborto seja uma questão polêmica, a criminalização da prática afeta desproporcionalmente as mulheres em situação de vulnerabilidade. “A criminalização impacta de forma perversa as mulheres pobres, que não têm acesso ao sistema público de saúde”, afirmou o ministro. Ele enfatizou que o papel do Estado deve ser o de evitar que o aborto ocorra, oferecendo educação sexual e acesso a métodos contraceptivos, e não de punir as mulheres.

Atualmente, o aborto é permitido no Brasil em três situações: quando há risco de morte para a gestante, em casos de gravidez resultante de estupro e quando o feto é anencéfalo. Nos demais casos, a interrupção da gravidez é considerada crime, com penas que podem variar de três a dez anos de prisão, dependendo das circunstâncias.

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Em 2023, a ministra Rosa Weber, que se aposentou recentemente, havia votado a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. No entanto, o julgamento foi suspenso após um pedido de destaque de Barroso, que solicitou que o caso fosse analisado em plenário físico. Desde então, não há uma data definida para a retomada do julgamento.

Barroso também destacou a importância de um diálogo amplo e democrático sobre o tema, afirmando que “não adianta o STF querer decidir a questão se 80% da população não entende”. Ele reforçou que o Estado deve garantir políticas públicas justas e inclusivas, que respeitem os direitos das mulheres e promovam a saúde pública de maneira eficaz.

O debate sobre a descriminalização do aborto no Brasil continua a ser um tema sensível e polarizador, com diversas vozes se manifestando a favor e contra. O ministro Barroso, por sua vez, reiterou que respeita as convicções contrárias ao aborto, mas acredita que a solução para a questão deve ir além da criminalização, buscando alternativas que atendam às necessidades das mulheres e da sociedade como um todo.

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