Senado aprova indicações de Lula para diretorias do Banco Central em sessão decisiva
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprova três nomes indicados pelo presidente Lula para o BC, que ainda precisam do aval do plenário.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (10), as indicações de três nomes para compor a nova diretoria do Banco Central (BC), apresentadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os indicados são Nilton José Schneider David, Izabela Moreira Correa e Gilneu Francisco Astolfi Vivan. Após a aprovação na CAE, as indicações seguem para votação no plenário do Senado, onde devem ser apreciadas ainda hoje.
A sabatina dos indicados ocorreu em um dia significativo, já que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu para discutir a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está fixada em 11,25% ao ano. O mercado financeiro aguarda uma possível alta na taxa, que é frequentemente alvo de críticas por parte do governo Lula e de seus aliados.
Os novos diretores foram escolhidos para preencher duas vagas decorrentes do término de mandatos e uma vaga deixada por Gabriel Galípolo, que foi aprovado para assumir a presidência do BC a partir de 2025, após o fim do mandato de Roberto Campos Neto. A aprovação dos nomes na CAE foi expressiva: Nilton David recebeu 22 votos a favor e 5 contra, Izabela Correa teve 24 votos favoráveis e 3 contrários, enquanto Gilneu Vivan foi aprovado com 23 votos a favor e 4 contra.
Os indicados têm perfis distintos, mas todos trazem experiência significativa para suas futuras funções. Nilton David, atual chefe de operações de tesouraria do Bradesco, foi indicado para a diretoria de Política Monetária. Ele destacou, em sua fala, a importância do Banco Central para a estabilidade econômica do país, afirmando que “a diretoria do Banco Central tem condições, mandatos e instrumentos para entregar o objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços”.
Izabela Correa, que atualmente ocupa o cargo de Secretária de Integridade Pública na Controladoria-Geral da União (CGU), foi indicada para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Gilneu Vivan, com quase 30 anos de experiência no Banco Central, foi indicado para a diretoria de Regulação. Ele é chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro e possui um histórico de atuação em áreas sensíveis do sistema financeiro nacional.
As nomeações são parte da estratégia do governo Lula de reconfigurar a cúpula do Banco Central, que, se aprovadas, resultarão em sete diretores escolhidos pelo atual presidente, em contraste com os dois remanescentes do governo anterior. Essa mudança ocorre em um contexto em que o governo enfrenta desafios significativos, incluindo a insatisfação de 90% dos agentes do mercado financeiro, conforme uma pesquisa recente.
Após a divulgação dos resultados da pesquisa, o presidente Lula fez uma declaração provocativa, afirmando que “um torneiro mecânico, sem diploma universitário, tem mais capacidade de governar esse país que todos aqueles que têm vários diplomas de doutores, mas não têm sensibilidade social”.
Com a aprovação na CAE, a expectativa é que os novos diretores possam contribuir para a definição das diretrizes econômicas do país, especialmente em um momento em que a taxa Selic e a inflação são temas centrais nas discussões econômicas.
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