Randolfe retira proposta que poderia impactar controle de Bolsonaro no Senado
Senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) apresentou e retirou projeto que visava alterar sistema eleitoral do Senado, afetando planos de Bolsonaro.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que ocupa a liderança do governo no Congresso Nacional, apresentou recentemente um projeto de lei que propunha mudanças significativas no sistema eleitoral do Senado Federal. No entanto, a proposta foi retirada uma semana após sua apresentação.
A proposta tinha como objetivo a introdução do voto único para as eleições em que dois terços das vagas do Senado são renovadas, o que ocorrerá em 2026. Atualmente, os eleitores têm direito a dois votos para senador, e os dois candidatos mais votados são eleitos. Randolfe argumentava que esse modelo favorece a concentração de poder, permitindo que todos os senadores de uma mesma unidade da federação pertençam ao mesmo grupo político, mesmo que uma parte significativa do eleitorado tenha outras preferências.
O projeto defendia a implementação do chamado voto único intransferível, onde cada eleitor teria direito a apenas um voto, e as duas vagas seriam preenchidas pelos candidatos mais votados. Segundo Randolfe, essa mudança poderia promover uma representação política mais plural e diversa, reduzindo os riscos de polarização e da “tirania da maioria”.
Além disso, o texto do projeto apresentava precedentes históricos e internacionais que sustentavam a proposta. O senador mencionou que, durante o Brasil Imperial, mecanismos semelhantes foram utilizados para promover um maior equilíbrio político. Na Argentina, o Senado adota um modelo que combina maiorias e minorias, distribuindo cadeiras de forma proporcional entre os partidos mais votados.
Embora a proposta tenha gerado discussões sobre seu potencial impacto nos planos eleitorais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca assegurar maior controle no Senado, Randolfe retirou o projeto sem fornecer uma justificativa oficial. A estratégia de Bolsonaro envolve lançar candidatos competitivos em estados conservadores, e a adoção do voto único poderia fragmentar o apoio, dificultando essa estratégia.
O ex-presidente, que está em busca de formar uma maioria no Senado para viabilizar iniciativas como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, tem incentivado aliados e familiares a se candidatarem, incluindo Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Michelle Bolsonaro (PL). A aprovação da proposta de Randolfe poderia ter reduzido a eficácia dessa estratégia eleitoral.
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