Cerca de 10 mil ações judiciais aguardam decisão do Supremo sobre relação de trabalho
10 de Dezembro de 2024 às 18h03

Uber defende no STF que motoristas não têm vínculo de emprego com a plataforma

Cerca de 10 mil ações judiciais aguardam decisão do Supremo sobre relação de trabalho

A plataforma Uber apresentou nesta terça-feira (10) sua defesa no Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que o modelo de trabalho adotado pelos motoristas do aplicativo é incompatível com o vínculo de emprego estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A manifestação ocorreu durante o último dia da audiência pública convocada para discutir a controvérsia sobre a relação de emprego entre motoristas de aplicativos e as plataformas digitais.

A diretora jurídica da Uber, Caroline Arioli, destacou que a empresa é uma plataforma de tecnologia que impacta a vida dos motoristas, que utilizam o serviço para gerar renda. Segundo ela, ao longo de dez anos de operação no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas receberam aproximadamente R$ 140 bilhões através da plataforma.

Caroline explicou que o perfil dos motoristas que atuam na Uber é diversificado, incluindo pessoas empregadas que buscam uma renda extra, aposentados que retornam ao mercado de trabalho, desempregados em busca de recolocação e mulheres que desejam alcançar independência financeira. “O que une esses perfis tão variados? A liberdade de escolher onde e quando se ativar na plataforma. Uma liberdade que é incompatível com as obrigações de um vínculo de emprego, como previsto hoje na CLT”, afirmou.

A diretora também ressaltou que a Uber já assumiu globalmente o compromisso de promover maior proteção social aos trabalhadores. “Nós acreditamos no aperfeiçoamento da regulamentação para garantir a proteção previdenciária e a proteção social aos motoristas, viabilizando a livre iniciativa e o valor social do trabalho”, completou.

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O debate foi convocado pelo ministro Edson Fachin, relator do processo que trata da questão no STF. Com a audiência, o ministro pretende coletar informações das plataformas e das entidades que representam os trabalhadores, a fim de embasar seu voto sobre a chamada uberização das relações de trabalho. Devido ao recesso de fim de ano no STF, a decisão sobre o caso deve ocorrer apenas em 2025.

Na sessão anterior, representantes dos sindicatos de motoristas por aplicativo afirmaram que as plataformas se isentam de qualquer responsabilidade trabalhista. Para os sindicatos, a relação entre as plataformas e os motoristas deve ser considerada como um contrato de trabalho por tempo indeterminado.

O principal processo em questão foi protocolado pela própria Uber, que considera inconstitucionais as decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que reconheceram a relação de emprego entre a plataforma e um motorista do aplicativo. A decisão do STF terá repercussão geral, obrigando todo o Judiciário a seguir o entendimento da Corte após o julgamento do caso.

Apesar de diversas decisões da Justiça Trabalhista reconhecerem o vínculo empregatício, o STF já possui decisões contrárias. Em dezembro do ano passado, a Primeira Turma da Corte decidiu que não há vínculo entre os motoristas e as plataformas, entendimento que também foi adotado pelo plenário em decisões válidas para casos concretos.

Atualmente, cerca de dez mil ações tramitam em todo o país, aguardando uma decisão definitiva do Supremo sobre a questão.

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