Onélia Santana, secretária de Proteção Social, pode assumir cargo vitalício no TCE-CE, mas críticas sobre moralidade são intensas.
10 de Dezembro de 2024 às 19h12

Camilo Santana tenta emplacar esposa no Tribunal de Contas do Ceará

Onélia Santana, secretária de Proteção Social, pode assumir cargo vitalício no TCE-CE, mas críticas sobre moralidade são intensas.

A recente tentativa do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), de indicar sua esposa, Onélia Santana, para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) gerou um intenso debate sobre a moralidade e a transparência nas práticas políticas do Brasil. A indicação, que já foi enviada à Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), levanta questões sobre nepotismo e a ética no trato da coisa pública.

Onélia, que atualmente ocupa o cargo de secretária estadual da Proteção Social, é cotada para assumir uma posição vitalícia no TCE-CE, o que lhe garantiria um salário mensal de aproximadamente R$ 39.717,69, além de benefícios e auxílios. A ONG Transparência Internacional não hesitou em criticar essa movimentação, afirmando que “enquanto o Brasil tolerar práticas obscenas de patrimonialismo como estas, estará condenado ao subdesenvolvimento”.

O cargo no TCE-CE é de extrema importância, uma vez que os conselheiros são responsáveis por fiscalizar as contas públicas, incluindo as do governo de Elmano de Freitas (PT), atual governador e aliado de Camilo. A proximidade entre Onélia e o governador, que a indicou para seu cargo atual, levanta preocupações sobre um possível conflito de interesses, uma vez que ela poderia julgar as contas de seu próprio marido.

Além disso, a indicação de Onélia não é um caso isolado. Outros ministros do governo Lula também tentaram emplacar suas esposas em tribunais de contas, o que intensifica a percepção de que essa prática se tornou uma norma entre os altos escalões da política brasileira. A situação é vista como um reflexo de um sistema que muitas vezes prioriza laços pessoais em detrimento da meritocracia e da transparência.

Os parlamentares da oposição na Alece já se manifestaram contra a indicação, questionando a capacidade técnica de Onélia para o cargo. Durante a sabatina, que deve ocorrer nos próximos dias, eles pretendem levantar questões sobre sua experiência e competência para lidar com as complexidades da fiscalização das contas públicas. Um deputado da oposição, Carmelo Neto (PL), expressou preocupação, afirmando que “é a primeira vez que lidamos com uma situação dessas”, referindo-se ao fato de que Onélia poderia julgar as contas do governo de Camilo.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

A pressão pública e as críticas da sociedade civil podem ser um fator determinante para o futuro da indicação. A Transparência Internacional, em sua nota, enfatizou a necessidade de uma reação popular para acabar com o que chamou de “aparelhamento” dos tribunais de contas. A entidade defende reformas que ampliem a transparência e a participação social na gestão pública.

Enquanto isso, a base governista parece estar unida em torno da indicação de Onélia, com 37 parlamentares já manifestando apoio à sua nomeação. A expectativa é de que a votação ocorra na próxima sexta-feira, 13, e, caso aprovada, Onélia se tornará a quinta esposa de um ministro de Lula a ocupar um cargo em um tribunal de contas no Brasil.

As implicações dessa indicação vão além do âmbito local, refletindo um padrão preocupante em que a política brasileira se vê envolvida em práticas que podem ser consideradas como nepotismo, mesmo que não sejam tecnicamente ilegais. A discussão sobre a moralidade dessas ações é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e transparente.

Onélia Santana, que possui formação em Letras e doutorado em Ciências da Saúde, tem um histórico como secretária e atuou em diversas iniciativas sociais. No entanto, a questão que permanece é se sua experiência é suficiente para justificar sua indicação em um cargo tão crucial, onde a integridade e a idoneidade são fundamentais.

O desfecho dessa situação poderá não apenas definir o futuro de Onélia no TCE-CE, mas também influenciar a percepção pública sobre a ética na política brasileira e a necessidade de uma maior transparência nas decisões que envolvem o uso de cargos públicos.

Veja também:

Tópicos: