Com salário de R$ 39,7 mil, Onélia Santana é aprovada como conselheira do Tribunal de Contas do Estado em votação secreta
13 de Dezembro de 2024 às 13h24

Indicação da esposa de Camilo Santana ao TCE gera polêmica e críticas na Assembleia do Ceará

Com salário de R$ 39,7 mil, Onélia Santana é aprovada como conselheira do Tribunal de Contas do Estado em votação secreta

A Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) aprovou, nesta sexta-feira (13), a indicação de Onélia Santana, esposa do ministro da Educação, Camilo Santana, para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-CE). A votação secreta resultou em 36 votos favoráveis e 5 contrários, em uma sessão marcada por controvérsias e críticas à prática de nepotismo.

Onélia, que atualmente ocupa o cargo de secretária de Proteção Social do governo cearense, terá um salário mensal de R$ 39.717,69, além de benefícios e auxílios, o que a coloca em uma posição privilegiada dentro da estrutura pública. O cargo no TCE é vitalício, permitindo que ela permaneça na função até os 75 anos, quando será obrigada a se aposentar.

A indicação de Onélia gerou reações adversas entre os parlamentares, especialmente entre os opositores do governo. O deputado Sargento Reginauro (União) criticou a escolha, afirmando que a indicação da esposa de Camilo Santana foi “vexatória e desnecessária”. Ele questionou a falta de cobertura midiática sobre a sabatina da indicada, que ocorreu na quinta-feira (12), e que, segundo ele, deveria ter sido mais transparente.

Além disso, o deputado Romeu Aldigueri (PDT) levantou dúvidas sobre a idoneidade da indicação, citando que o regimento interno da Alece exige que o indicado não tenha respondido a processos criminais. A defesa de Onélia foi feita por seus apoiadores, que argumentaram que a questão já havia sido esclarecida durante a sabatina.

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Camilo Santana, que foi governador do Ceará antes de assumir o ministério, tem sido alvo de críticas por sua influência na política local. A aprovação da indicação de sua esposa levanta questões sobre a ética na política e o uso de cargos públicos para favorecer familiares. A prática de indicar esposas de políticos para cargos de conselheiros em tribunais de contas não é nova, mas a frequência com que isso ocorre no governo atual tem gerado descontentamento.

Outros ministros do governo Lula também têm emplacado suas esposas em cargos semelhantes. Onélia Santana é a quinta mulher de um ministro a ser aprovada para um cargo no TCE, seguindo o exemplo de outras esposas de políticos que conseguiram posições de destaque. Essa situação levanta um debate sobre a meritocracia e a verdadeira capacidade dos indicados para desempenhar suas funções.

O clima na Assembleia durante a votação foi tenso, com manifestações de apoio e oposição à indicação. Apesar do domínio da base do governador Elmano de Freitas (PT), a oposição se fez ouvir, questionando a legitimidade da escolha e a falta de transparência no processo. A aprovação de Onélia Santana é vista por muitos como uma continuidade da prática de nepotismo que permeia a política brasileira.

Com a aprovação, Onélia Santana se junta a um seleto grupo de mulheres que ocupam cargos de conselheiras em tribunais de contas, mas a maneira como chegou a essa posição gera discussões sobre a ética e a responsabilidade no serviço público. A expectativa é que essa situação continue a ser debatida nos próximos dias, à medida que mais informações sobre a atuação de Onélia no TCE forem divulgadas.

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