Proposta permite que partidos solicitem recontagem em até 48 horas após resultados oficiais
11 de Dezembro de 2024 às 13h45

CCJ da Câmara retoma discussão sobre recontagem física de votos em eleições

Proposta permite que partidos solicitem recontagem em até 48 horas após resultados oficiais

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados volta a se reunir nesta quarta-feira, 11, para debater o projeto de lei que, se aprovado, permitirá que partidos políticos solicitem a recontagem física dos votos em eleições. A proposta, que altera a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), foi apresentada pelo deputado federal Carlos Henrique Gaguim (União Brasil-TO) em 2015.

Gaguim justifica a necessidade da recontagem afirmando que a impossibilidade de realizar esse procedimento em eleições federais, estaduais, distritais ou municipais “reduz o nível de transparência do sistema eleitoral” brasileiro. O texto prevê que o órgão nacional de um partido político poderá solicitar a recontagem dos votos, tanto por meio físico quanto digital, no prazo de 48 horas após a divulgação oficial do resultado final das eleições.

O relator da proposta na CCJ, deputado José Medeiros (PL-MT), já apresentou um novo texto que propõe modificações ao projeto original. Entre as alterações, destaca-se a obrigatoriedade de que, imediatamente após o encerramento da votação, 5% das urnas eletrônicas sejam selecionadas aleatoriamente, por meio de sorteio público. Essa seleção deverá contar com a presença de representantes dos partidos políticos, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades interessadas, para a contagem pública dos votos, que será realizada na própria seção eleitoral pelos membros da mesa receptora.

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“A implementação da contagem pública em uma amostra aleatória de 5% das urnas busca aprimorar a transparência e a confiabilidade do processo eleitoral, sem comprometer a celeridade da apuração. A seleção aleatória das urnas para contagem manual serve como mecanismo de auditoria, permitindo a identificação de possíveis inconsistências entre os resultados eletrônicos e físicos”, defende Medeiros em seu voto.

O deputado apresentou seu relatório no último dia 4, manifestando-se favorável à constitucionalidade e juridicidade do PL 1.169/15, além de outros projetos relacionados ao tema. No entanto, a análise foi interrompida por um pedido de vista, que é um pedido de mais tempo para estudar a proposta, feito por deputados de diferentes partidos.

Em nota, 23 entidades que fazem parte do movimento suprapartidário Pacto Pela Democracia expressaram sua oposição ao PL 1.169/15, argumentando que sua aprovação representaria um retrocesso. “Na prática, o projeto busca instituir o voto impresso no Brasil, não como forma de fortalecer o processo eleitoral, mas como estratégia para alimentar a desconfiança no sistema de votação e ampliar significativamente a possibilidade de obstrução em um sistema comprovadamente seguro e íntegro”, afirmam as entidades, que incluem a Transparência Brasil e a Conectas Direitos Humanos.

As organizações sociais ressaltam que, desde 2014, especialmente em 2022, grupos antidemocráticos têm promovido narrativas que questionam a integridade do sistema eletrônico de votação no Brasil. “Mesmo diante de inúmeros relatórios que atestam a segurança do sistema de votação vigente, elaborados por especialistas de universidades renomadas e de auditorias realizadas por partidos de diferentes espectros políticos, esses grupos demonstram pouco interesse em aprimorar o sistema. O objetivo é evidente: disseminar desinformação e minar a confiança nas urnas eletrônicas, um alicerce essencial para a realização de eleições justas e confiáveis, além do fortalecimento da democracia no país”, acrescentam.

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