Leandro Fuchs é acusado de negligência em cirurgias, resultando em complicações graves para 87 pacientes em Porto Alegre.
11 de Dezembro de 2024 às 14h30

Cirurgião plástico e 12 médicos indiciados por lesões em pacientes no Rio Grande do Sul

Leandro Fuchs é acusado de negligência em cirurgias, resultando em complicações graves para 87 pacientes em Porto Alegre.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou o cirurgião plástico Leandro Fuchs e mais 12 médicos, incluindo residentes e ex-residentes, por supostas lesões corporais graves em pelo menos 87 pacientes. A investigação, que se arrasta há meses, revelou um padrão preocupante de negligência nas cirurgias realizadas em Porto Alegre.

Fuchs, que atuava no Hospital Ernesto Dornelles, está afastado desde janeiro deste ano. Ele é acusado de permitir que médicos sem a devida qualificação realizassem procedimentos cirúrgicos em sua ausência, o que teria ocorrido sem o consentimento dos pacientes. De acordo com o delegado Ajaribe Rocha Pinto, titular da 10ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, “de 700 cirurgias, quase metade teve algum tipo de problema. São fatos extremamente graves”.

Os relatos de pacientes incluem casos de necrose, mutilações e infecções, resultando em complicações que exigiram novas intervenções cirúrgicas. Entre 2018 e 2023, as vítimas relataram que Fuchs frequentemente se ausentava do hospital durante os procedimentos, muitas vezes para resolver questões pessoais, enquanto deixava residentes operando sozinhos.

Além das acusações de lesão corporal, os médicos indiciados também enfrentam acusações de estelionato e associação criminosa. Segundo as investigações, Fuchs captava pacientes através de redes sociais, prometendo resultados excepcionais e oferecendo “brindes” para atrair novos clientes. Contudo, a realidade das cirurgias realizadas por sua equipe foi muito diferente.

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As denúncias, que começaram a surgir em 2020, culminaram em uma coletiva de imprensa realizada pela Polícia Civil, onde foram apresentados detalhes sobre a gravidade das alegações. O subchefe da Polícia, delegado Heraldo Guerreiro, afirmou que “são fatos extremamente graves e que nos deixam estarrecidos”.

Embora nenhum dos suspeitos tenha sido preso até o momento, Fuchs teve seu direito de realizar cirurgias suspenso pela Justiça. Ele também está proibido de deixar Porto Alegre e teve seu passaporte retido. A Justiça determinou que ele não pode se aproximar das vítimas ou contatá-las.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS) foi notificado e deve se manifestar sobre o caso em breve. A defesa de Fuchs ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações, mas o médico nega as alegações e afirma que as complicações são resultado de fatores variados, que não podem ser atribuídos exclusivamente a sua atuação.

As investigações continuam, e a Polícia Civil já ouviu mais de 140 pessoas até o momento. A situação gera grande preocupação na comunidade médica e entre os pacientes, que buscam respostas e justiça diante das alegações de práticas inadequadas na medicina estética.

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