Cinco pessoas foram presas em operação que investiga adulteração de produtos lácteos em fábrica da Dielat, no RS.
11 de Dezembro de 2024 às 14h40

Marca famosa é autuada por adulterar leite com soda cáustica e água oxigenada

Cinco pessoas foram presas em operação que investiga adulteração de produtos lácteos em fábrica da Dielat, no RS.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou nesta quarta-feira (11) a 13ª fase da Operação Leite Compensado, que investiga a adulteração de produtos lácteos na fábrica da Dielat, localizada em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A operação resultou na prisão de cinco pessoas, incluindo um sócio-proprietário e um diretor da empresa.

A investigação apura o uso de substâncias perigosas, como soda cáustica e água oxigenada, que eram adicionadas aos produtos para disfarçar a deterioração. Segundo o MP-RS, esses produtos são amplamente distribuídos no Brasil e também exportados para a Venezuela.

A Dielat, que possui marcas reconhecidas como Mega Lac, Mega Milk, Tentaçã e Cootall, já venceu licitações para fornecer laticínios a escolas e outros órgãos públicos. Ao menos sete cidades gaúchas, incluindo Porto Alegre e Gravataí, já receberam leite da Dielat para merenda escolar.

Entre os detidos, destaca-se o químico industrial Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “alquimista” ou “mago do leite”. Ele já havia sido alvo de investigações anteriores por práticas semelhantes e foi contratado pela Dielat para assessorar a produção, sendo considerado uma figura central nas fraudes identificadas.

Além de Seewald, foram presos o diretor Tales Bardo Laurindo, o supervisor Gustavo Lauck e o sócio Antonio Ricardo Colombo Sader. Uma mulher também foi presa em flagrante ao tentar apagar provas da adulteração.

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A investigação revelou que a adição de soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT e leite em pó é uma prática utilizada para reprocessar itens vencidos e recuperar produtos deteriorados, o que representa sérios riscos à saúde pública.

O promotor Mauro Rockenbach destacou que as fórmulas fraudulentas têm se tornado mais sofisticadas, dificultando a detecção durante as fiscalizações. “Essas substâncias não apenas ajustam o pH do leite, mas também podem ter efeitos carcinogênicos”, afirmou Rockenbach.

Os próximos passos da investigação incluem exames detalhados para identificar os lotes contaminados, uma vez que as novas fórmulas utilizadas pelos fraudadores complicam a detecção de substâncias nocivas.

A defesa de Seewald negou qualquer relação com a Dielat e afirmou que todas as medidas para sua libertação estão sendo tomadas. Os advogados dos demais investigados ainda não se manifestaram sobre o caso.

A situação levanta preocupações sobre a segurança alimentar e a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para garantir a qualidade dos produtos lácteos disponíveis no mercado.

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