Quem é o 'Mago do Leite', químico preso por adulteração de laticínios no RS
Sérgio Alberto Seewald, conhecido como 'Mago do Leite', é alvo de investigações por adulteração de produtos lácteos em operação do MP.
A operação denominada "Leite Compen$ado", realizada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), resultou na prisão de seis pessoas, entre elas o engenheiro químico Sérgio Alberto Seewald, conhecido popularmente como "Mago do Leite". A ação, deflagrada nesta quarta-feira (11), teve como foco a fábrica Dielat Laticínios, localizada em Taquara, onde foram encontrados produtos lácteos adulterados com soda cáustica e água oxigenada.
Seewald, que já havia sido preso anteriormente por práticas semelhantes, é acusado de liderar um esquema de adulteração de laticínios, utilizando substâncias nocivas para disfarçar a deterioração dos produtos. A investigação revelou que a soda cáustica era adicionada ao leite para ajustar seu pH e mascarar a acidez, tornando-o impróprio para consumo.
Os produtos adulterados, que incluíam leite UHT e leite em pó, eram distribuídos não apenas em território nacional, mas também na Venezuela. As marcas Mega Lac, Mega Milk, Tentaçã e Cootall, entre outras, estavam sob suspeita de conter essas substâncias prejudiciais à saúde.
O promotor Mauro Rockenbach destacou que Seewald deveria estar usando tornozeleira eletrônica enquanto aguardava o desfecho de um processo judicial anterior. “Era para ele estar usando tornozeleira eletrônica, era para sair a condenação dele da Leite 5”, afirmou o promotor, referindo-se a um caso anterior em que o químico foi absolvido.
Além de Seewald, a operação prendeu outros envolvidos, incluindo o sócio-proprietário da Dielat, Antonio Ricardo Colombo Sader, e o diretor administrativo, Tales Bardo Laurindo. A investigação apontou que a empresa utilizava práticas criminosas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados, colocando em risco a saúde pública.
Os promotores também encontraram um caderno com fórmulas químicas utilizadas para mascarar a adulteração, revelando um planejamento detalhado para evitar a detecção das irregularidades. “Para surpresa nossa, encontramos a fórmula daquilo que nós sabíamos que era praticado na empresa”, disse Rockenbach.
A defesa de Seewald, representada pelo advogado Nicholas Horn, negou qualquer relação formal ou informal do químico com a Dielat, alegando que as acusações são infundadas. “Trata-se, pois, de uma criação de fatos por parte do Ministério Público, que não enseja a verdade”, declarou o advogado.
Com a operação completando dez anos, as autoridades reforçaram a necessidade de fiscalização rigorosa para evitar que práticas fraudulentas continuem a ameaçar a saúde da população. A Vigilância Sanitária do RS já orientou a interdição cautelar dos produtos suspeitos até que as análises do Ministério da Agricultura sejam concluídas.
As investigações ainda estão em andamento, com exames detalhados sendo realizados para identificar os lotes contaminados e garantir que os responsáveis sejam punidos. A operação "Leite Compen$ado" continua a ser um marco na luta contra a adulteração de alimentos no Brasil.
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