Copom decide elevar taxa Selic para 12,25% em meio a incertezas econômicas
O Comitê de Política Monetária do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, visando conter a inflação.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou, nesta quarta-feira (11), um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que agora passa a ser de 12,25% ao ano. Esta decisão marca a terceira alta consecutiva no ciclo de ajustes iniciado em setembro e ocorre em um contexto de crescente preocupação com a inflação no país.
A reunião, que foi a última presidida por Roberto Campos Neto, teve a decisão aprovada por unanimidade. Em comunicado, o Copom destacou que a medida é parte de uma estratégia para garantir a convergência da inflação em direção à meta estabelecida, considerando o cenário econômico atual, que se mostra mais adverso do que em reuniões anteriores.
O colegiado também alertou que novas elevações da mesma magnitude devem ocorrer nas próximas reuniões, com o objetivo de assegurar a estabilidade dos preços e mitigar as flutuações na atividade econômica. A próxima reunião será liderada por Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central em janeiro de 2025.
O Copom enfatizou que o cenário econômico apresenta riscos inflacionários significativos, com uma “assimetria altista” nas projeções de inflação. Além disso, a diretoria do Banco Central está atenta às repercussões do recente pacote de corte de gastos do governo, que foi mal recebido pelo mercado e pode contribuir para uma dinâmica inflacionária mais desafiadora.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas, especialmente no que diz respeito ao prêmio de risco e à taxa de câmbio”, afirmou o comunicado. O dólar, por sua vez, atingiu um novo recorde histórico, fechando a R$ 6,082 na venda.
O Copom também destacou que o ambiente externo continua desafiador, com os bancos centrais das principais economias buscando a convergência das taxas de inflação para suas metas, em meio a pressões nos mercados de trabalho. A situação nos Estados Unidos, especialmente, gera incertezas sobre a política econômica que será adotada pelo novo governo.
O colegiado ressaltou que a evolução do cenário econômico exige uma política monetária ainda mais contracionista, diante da desancoragem das expectativas de inflação e do dinamismo acima do esperado na atividade econômica. A projeção de inflação para o segundo trimestre de 2026, que é considerada na política monetária, subiu de 3,60% para 4,16%.
Com a piora das condições econômicas e a deterioração das expectativas, os economistas acreditam que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, poderá ter que elevar a Selic para níveis superiores aos praticados durante a gestão de Campos Neto, que chegou a 13,75% ao ano. A expectativa é que o país enfrente um processo prolongado de alta na taxa básica de juros, em resposta às novas condições do mercado.
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