Dólar em alta reflete aumento da Selic e incertezas econômicas no Brasil
Com a Selic elevada a 12,25%, o dólar alcança R$ 6,16, impactando o mercado financeiro e a inflação.
O dólar abriu em forte alta nesta terça-feira (17), cotado a R$ 6,16, refletindo as recentes decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. A elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, foi motivada pela deterioração das expectativas econômicas e pela percepção negativa em relação ao pacote fiscal proposto pelo governo.
A ata da última reunião do Copom, divulgada na semana passada, indicou que a alta do dólar e a incerteza em torno do pacote de cortes de gastos influenciaram diretamente a decisão de aumentar os juros. O Banco Central reconheceu que a situação econômica se tornou mais desafiadora, exigindo uma postura monetária mais restritiva para conter a inflação.
Com a nova taxa, o Copom sinalizou a possibilidade de mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, o que poderia elevar a Selic a 14,25%. Essa expectativa tem gerado reações no mercado financeiro, com a bolsa brasileira enfrentando perdas significativas desde a divulgação da alta da Selic.
O impacto da alta do dólar é sentido em diversos setores da economia. A moeda norte-americana, que já havia subido 0,99% na véspera, continua a pressionar os preços de produtos e serviços, contribuindo para um cenário inflacionário mais complicado. O Banco Central alertou que o repasse do dólar alto para os preços tende a aumentar, especialmente em um contexto de demanda aquecida.
Além disso, a inflação de curto prazo tem se mostrado preocupante, com os preços dos alimentos subindo significativamente, em parte devido à estiagem e ao aumento dos custos das carnes. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já apresenta sinais de pressão, e a expectativa é que essa tendência se mantenha nos próximos meses.
O cenário econômico brasileiro é marcado por incertezas, e a atividade econômica, embora resiliente, enfrenta desafios. O crescimento do PIB no terceiro trimestre foi de 0,9%, mas o Banco Central observa que a redução do hiato entre o PIB efetivo e o potencial pode levar a uma maior pressão inflacionária.
Os agentes econômicos estão atentos às movimentações do governo, que busca a aprovação do pacote fiscal que visa economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. A proposta ainda não foi votada no Congresso, e a falta de consenso sobre as medidas tem gerado apreensão nos mercados.
Com a expectativa de novas altas na Selic e a pressão do dólar, os investidores permanecem cautelosos. O ambiente econômico exige atenção redobrada, uma vez que as decisões do Banco Central e as ações do governo podem ter impactos significativos sobre a inflação e o crescimento econômico nos próximos meses.
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