Ministro do STF destaca que trama golpista está 'bem documentada' e envolve aliados do ex-presidente.
12 de Dezembro de 2024 às 19h01

Gilmar Mendes afirma que 'deverá haver denúncia' em inquérito sobre golpe envolvendo Bolsonaro

Ministro do STF destaca que trama golpista está 'bem documentada' e envolve aliados do ex-presidente.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta quinta-feira, 12, que "deverá haver denúncia" em muitos casos relacionados aos investigados indiciados no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado durante o governo de Jair Bolsonaro. Segundo o decano, a evidência de uma trama golpista envolvendo aliados próximos do ex-chefe do Executivo foi revelada "de maneira muito clara" e está "bem documentada".

A afirmação foi feita durante uma entrevista à revista Carta Capital, onde Gilmar foi questionado sobre a presença do coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu, que foi indiciado na quarta-feira, 11, e que o fotografou no aeroporto de Lisboa em novembro de 2022, momentos antes de ambos embarcarem para Brasília no mesmo voo.

Ao abordar o tema, o ministro contextualizou a trama golpista com as movimentações de Bolsonaro e seus aliados desde o início do governo. "Todos nós tínhamos uma preocupação desde o começo do governo Bolsonaro com eventuais abusos que pudessem ocorrer", destacou.

Gilmar também mencionou a abertura do inquérito das fake news, que investigou ataques ao STF e as ações de um grupo que operava do Palácio do Planalto durante a gestão de Bolsonaro. Ele elogiou a decisão de Dias Toffoli, então presidente da Corte, de abrir o inquérito, considerando-a "extremamente sábia".

No contexto da entrevista, o decano recordou os ataques às urnas eletrônicas promovidos por Bolsonaro e seus aliados, um tema que resultou na declaração de inelegibilidade do ex-presidente até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

De acordo com Gilmar, a ofensiva contra o sistema de votação eletrônico serviu como "mero pretexto para justificar" o fechamento do TSE e a tentativa de golpe, que incluía planos de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

O ministro observou que o resultado das urnas, com a derrota de Bolsonaro, "alimentou quem estava à volta" do ex-presidente e que desejava permanecer no poder, o que gerou planos que também incluíam a execução de autoridades.

Gilmar Mendes considerou "irônico" que Bolsonaro e seus apoiadores, que se beneficiaram do sistema eleitoral, propagassem mentiras sobre as urnas. Ele ressaltou que a família do ex-presidente é "quase uma empresa eleitoral, todos beneficiários da segurança do sistema eleitoral".

O inquérito sobre o golpe, que já indiciou 40 pessoas, incluindo Bolsonaro e militares de alta patente, está atualmente sob análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão está avaliando os elementos coletados pela Polícia Federal para decidir se irá denunciar os envolvidos ou arquivar o caso.

O chefe do Ministério Público Federal, Paulo Gonet, pretende analisar este caso em conjunto com outros inquéritos nos quais Bolsonaro foi indiciado, incluindo os relacionados às joias sauditas e à fraude nos cartões de vacinação.

Veja também:

Tópicos: