Ação do Ministério Público e corregedorias investiga esquema de extorsão a comerciantes, muitos imigrantes, na região central da cidade.
16 de Dezembro de 2024 às 13h02

Seis policiais e um civil são detidos em operação contra milícia no Brás, SP

Ação do Ministério Público e corregedorias investiga esquema de extorsão a comerciantes, muitos imigrantes, na região central da cidade.

Seis policiais militares e um policial civil foram detidos nesta segunda-feira, 16, em uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo e das corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil, conhecida como Operação Aurora. Os agentes são suspeitos de participar de um esquema de extorsão direcionado a comerciantes na região do Brás, localizada no centro da capital paulista.

A investigação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), revelou que os policiais agiam de forma semelhante a uma milícia, controlando o território e exigindo pagamentos de vendedores informais, muitos dos quais são imigrantes.

Os valores cobrados eram apresentados como “luva”, uma espécie de taxa para permitir que os comerciantes se estabelecessem na área, além de cobranças semanais. A região do Brás, famosa pelo comércio de vestuário, apresenta um alto índice de informalidade. De acordo com o Ministério Público, a falta de acesso a linhas de crédito fez com que muitos comerciantes recorressem a agiotas para quitar os pagamentos exigidos pelos policiais, que frequentemente eram os mesmos que realizavam as cobranças.

Testemunhas que participaram da investigação relataram que os comerciantes que se recusavam a pagar eram ameaçados de morte, agredidos e forçados a deixar seus pontos de venda. Essa situação alarmante evidencia a gravidade da atuação dos policiais envolvidos.

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Os investigadores levantaram suspeitas de que a CoopsBrás, uma cooperativa supostamente criada para apoiar os comerciantes da região, funcionava como uma fachada para o esquema de extorsão. O inquérito foi instaurado após denúncias recebidas pela Corregedoria da PM, levando os investigadores a realizar um trabalho de campo disfarçado no Brás por várias semanas, utilizando câmeras escondidas para coletar evidências.

Durante as operações de monitoramento, diversas cobranças foram flagradas, tanto em boxes de comércio quanto em barracas na rua. A Polícia Militar, ao solicitar a prisão dos agentes, destacou a audácia e a sensação de impunidade que permeavam as ações dos policiais. “Sem receio, abordam os vendedores, se auto intitulando policiais ou exibindo armas de fogo, ameaçando expulsão, agredindo, extorquindo e roubando”, afirmaram os representantes da corporação.

Além das prisões, a Justiça de São Paulo autorizou buscas em endereços residenciais e comerciais relacionados aos investigados, bem como a quebra do sigilo bancário e fiscal de oito empresas e 21 pessoas envolvidas no caso.

Os principais investigados incluem:

  • José Renato Silva Oliveira, policial militar;
  • Lúcia Ferreira de Oliveira, policial militar;
  • Sérgio Ferreira do Nascimento, policial militar;
  • Wellington Stefani, policial militar;
  • Humberto de Almeida Batista, policial militar;
  • Maurício Oliveira de Souza, policial militar reformado;
  • Francisco Joseá da Silva Neto, ex-policial militar;
  • Viviane Leticia Felix Trevisan, escrivã da Polícia Civil;
  • William Perdomo Zanabria, apontado como agiota;
  • Peterson Ribeiro Batista, conhecido como “Tetinha”, vice-presidente da CoopsBrás;
  • Fernando Bondade de Oliveira;
  • Luciano Santos da Silva;
  • João Paulo Schmid;
  • Antonio Marcos Alves de Castro;
  • Kelen Fernada Cardoso;
  • Paloma Joana Bueno.

O espaço está aberto para manifestações das defesas dos envolvidos, que ainda não foram contatadas para se pronunciar sobre as acusações.

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