Com o dólar superando R$ 6,16, BC intervém no mercado cambial para conter a pressão inflacionária e fiscal.
17 de Dezembro de 2024 às 10h18

Banco Central realiza leilão extraordinário de dólares após alta da moeda americana

Com o dólar superando R$ 6,16, BC intervém no mercado cambial para conter a pressão inflacionária e fiscal.

Na manhã desta terça-feira, 17 de dezembro, o Banco Central (BC) anunciou um leilão extraordinário de dólares à vista, após a moeda americana atingir a marca de R$ 6,16, o que representa uma alta de 1,14% em relação ao fechamento anterior. A medida visa conter a escalada do câmbio, que tem sido pressionado por incertezas em relação à política fiscal do governo e o risco de desidratação do pacote de cortes de gastos que tramita no Congresso.

O leilão realizado pelo BC injetou no mercado um total de US$ 1,272 bilhão, em uma operação que não prevê compromisso de recompra. Essa ação é parte de uma série de intervenções que a autoridade monetária tem realizado para estabilizar a moeda, que tem renovado recordes nos últimos dias, mesmo com as tentativas de contenção.

Na última sexta-feira e na segunda-feira, o Banco Central já havia realizado intervenções, injetando um total de US$ 4,63 bilhões em dois leilões, a maior operação desde o início da pandemia de Covid-19. Apesar dessas ações, o dólar continuou a ser pressionado, refletindo a desconfiança dos investidores em relação à política fiscal e a necessidade de aprovação de medidas orçamentárias antes do recesso parlamentar, previsto para 23 de dezembro.

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O cenário atual é marcado por uma crescente preocupação com a possibilidade de que o pacote fiscal não seja aprovado a tempo, o que poderia agravar a situação econômica do país. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) revelou que a percepção dos agentes econômicos sobre o pacote fiscal impactou significativamente as expectativas futuras, especialmente em relação à inflação e à taxa de câmbio.

O Copom também sinalizou que a alta da taxa Selic, que pode chegar a 14,25% em março de 2025, é uma resposta necessária diante do cenário inflacionário adverso. O Banco Central destacou que a desancoragem das expectativas de inflação é um fator preocupante e que deve ser combatido com medidas mais rigorosas.

Além disso, o BC observou que o consumo das famílias e os investimentos estão crescendo em um ritmo intenso, mesmo com os juros elevados. Essa dinâmica é vista como um elemento mitigador do impacto da política monetária, que busca controlar a inflação em um ambiente de incertezas.

O aumento da desconfiança em relação à política fiscal, somado ao risco de desidratação das medidas de cortes de gastos, tem pressionado o câmbio e os juros futuros, tornando a política monetária do BC um desafio constante. A autoridade monetária continua a monitorar a situação e a agir conforme necessário para garantir a estabilidade econômica do país.

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