Medida visa alinhar a tributação brasileira às normas globais contra erosão da base tributária, com impacto significativo na arrecadação.
17 de Dezembro de 2024 às 17h31

Câmara dos Deputados aprova projeto de tributações mínimas de 15% para multinacionais

Medida visa alinhar a tributação brasileira às normas globais contra erosão da base tributária, com impacto significativo na arrecadação.

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, um projeto de lei que estabelece uma tributação mínima de 15% sobre os lucros das multinacionais que operam no Brasil. A proposta, que agora segue para o Senado, tem como objetivo alinhar a legislação tributária nacional às Regras Globais Contra a Erosão da Base Tributária (Regras GloBE), uma iniciativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que já conta com a adesão de mais de 140 países.

O projeto, de autoria do deputado José Guimarães (PT-CE), é uma versão aprimorada de uma medida provisória editada pelo governo em outubro. A nova legislação se aplicará a empresas multinacionais com faturamento anual superior a 750 milhões de euros, o que equivale a cerca de R$ 4,78 bilhões, em pelo menos dois dos quatro anos fiscais anteriores à apuração.

Com a implementação dessa tributação, a expectativa do governo é que a arrecadação aumente significativamente nos próximos anos. A previsão é que a receita alcance R$ 3,44 bilhões em 2026, R$ 7,28 bilhões em 2027 e R$ 7,69 bilhões em 2028, conforme informações da equipe econômica do Palácio do Planalto.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

O adicional da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) será cobrado a partir do ano fiscal de 2025, com o pagamento a ser realizado até o último dia do sétimo mês após o término do exercício fiscal. A medida busca criar um ambiente tributário mais justo e transparente, promovendo a conformidade fiscal e reduzindo a evasão tributária, conforme destacado no texto do projeto.

“A criação de um ambiente tributário mais justo e transparente pode incentivar a conformidade fiscal e reduzir a evasão tributária, promovendo, assim, um ciclo virtuoso de arrecadação. Com um sistema tributário mais robusto, o Brasil pode garantir recursos suficientes para investir em infraestrutura, saúde e educação, áreas fundamentais para o desenvolvimento sustentável do país”, afirma o projeto.

Além disso, a nova legislação introduz o Qualified Domestic Minimum Top-up Tax (QDMTT), que é uma complementação da tributação por parte do país anfitrião da multinacional. Atualmente, a alíquota nominal sobre o lucro das empresas no Brasil é de 34%, composta por 25% do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e 9% da CSLL. No entanto, muitas multinacionais conseguem manter uma alíquota efetiva abaixo de 15% devido a incentivos fiscais e deduções na base de cálculo dos tributos.

A aprovação do projeto também reflete o interesse do Brasil em integrar a OCDE, um movimento que ganhou força durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. A implementação das novas regras deve ocorrer em um contexto de crescente pressão internacional para que as multinacionais contribuam de forma justa com os países onde operam.

Com essa medida, o Brasil busca não apenas aumentar sua arrecadação, mas também evitar a chamada guerra fiscal internacional, garantindo que as empresas paguem impostos de acordo com os lucros gerados em território nacional.

Veja também:

Tópicos: