Ibovespa registra maior queda desde novembro de 2022 com temores fiscais e Fed
O índice fechou em 120.771,88 pontos, refletindo a incerteza sobre o cenário fiscal e a política monetária dos EUA.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, enfrentou uma forte pressão nesta quarta-feira, 18 de outubro, encerrando o dia com uma queda de 3,15%, o que representa a maior perda diária desde 10 de novembro de 2022. O índice fechou a 120.771,88 pontos, próximo da mínima do dia, que foi de 120.457,48 pontos. Durante a sessão, o índice chegou a alcançar a marca de 124.698,50 pontos, mas a volatilidade foi intensa devido a fatores internos e externos.
A crise de credibilidade do governo brasileiro no mercado financeiro, somada ao pessimismo sobre o cenário fiscal, contribuiu para a queda acentuada. Investidores estão apreensivos com a possibilidade de desidratação do pacote fiscal em tramitação no Congresso Nacional. A situação se agravou com a notícia do afastamento de Otavio Ladeira, subsecretário da Dívida Pública, que assumirá um cargo na Organização das Nações Unidas (ONU), aumentando a incerteza entre os agentes financeiros.
Além disso, as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a necessidade de cautela em relação à inflação e a revisão das projeções econômicas também impactaram negativamente o mercado. O Fed indicou que o ritmo de cortes nas taxas de juros será mais lento, o que gerou reações adversas nas bolsas americanas, com o Nasdaq caindo 3,56% e o S&P 500 recuando 2,95%.
O volume financeiro na B3 foi significativo, atingindo R$ 83 bilhões, impulsionado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa. No entanto, apenas três ações conseguiram registrar ganhos: Marfrig (+1,81%), MRV (+1,54%) e Santos Brasil (+0,54%). Em contrapartida, ações de empresas como CVC e Magazine Luiza sofreram perdas expressivas, com quedas de 17,11% e 10,04%, respectivamente, refletindo a pressão das taxas de juros futuras.
O cenário fiscal continua a ser uma preocupação central para os investidores. A Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de lei que impõe restrições ao crescimento das despesas públicas, mas a eficácia dessas medidas ainda é questionada. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a votação do pacote fiscal depende da chegada do texto após a aprovação na Câmara, mas há incertezas sobre o tempo necessário para a tramitação.
Os analistas destacam que a perda dos 123 mil pontos no Ibovespa é um sinal baixista, indicando que o índice pode buscar suporte na marca de 120 mil pontos. A situação é ainda mais complicada pelo contexto internacional, onde as bolsas americanas enfrentam um ambiente de incerteza, com os rendimentos dos títulos do Tesouro subindo após o Fed sinalizar um corte mais cauteloso nas taxas de juros.
O impacto da volatilidade no mercado é evidente, com as ações de setores sensíveis à economia doméstica sendo as mais afetadas. A Azul, por exemplo, viu suas ações caírem 11,58%, enquanto a Vale e a Petrobras também registraram perdas significativas. O movimento de realização de lucros em ações como a Automob, que caiu 30% após uma forte valorização, exemplifica a instabilidade que permeia o mercado.
Em resumo, o dia foi marcado por uma combinação de fatores que resultaram em uma queda acentuada do Ibovespa, refletindo a incerteza sobre o futuro fiscal do Brasil e a política monetária dos Estados Unidos. A expectativa é de que os próximos dias continuem a ser desafiadores para os investidores, que permanecem atentos às movimentações no Congresso e às declarações do Fed.
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