Relatório da FAO revela que aquicultura alcançou 223 milhões de toneladas e US$ 472 bilhões em 2023, mas pesca predatória preocupa.
25 de Dezembro de 2024 às 15h10

Produção de peixes em cativeiro supera pela primeira vez a pesca mundial, diz FAO

Relatório da FAO revela que aquicultura alcançou 223 milhões de toneladas e US$ 472 bilhões em 2023, mas pesca predatória preocupa.

A produção global de alimentos aquáticos cultivados ultrapassou, pela primeira vez na história, a captura de peixes selvagens, conforme aponta um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Essa mudança significativa ocorre em um contexto alarmante, marcado pelo aumento da pesca predatória e pela diminuição dos estoques pesqueiros geridos de forma sustentável. Os dados estão contidos no estudo intitulado “O Estado Mundial da Pesca e Aquicultura”.

De acordo com o documento, a produção total de pescados e aquicultura atingiu um recorde de 223 milhões de toneladas métricas, com um valor estimado em US$ 472 bilhões. O crescimento foi impulsionado principalmente pela aquicultura, que agora representa 51% da produção global de animais aquáticos.

O relatório também destaca que 63% dos produtos aquáticos cultivados provêm de águas continentais, enquanto 37% são originários de áreas marinhas e costeiras. Contudo, a FAO alerta que a gestão dos estoques pesqueiros selvagens sustentáveis ainda está aquém do ideal, o que coloca em risco o equilíbrio ambiental.

Outro dado relevante é a participação feminina no setor: as mulheres representam 24% dos trabalhadores da pesca e aquicultura, um aumento de 3% em relação a 2022. Além disso, elas constituem 62% da força de trabalho no processamento de pescados. A Ásia continua a liderar globalmente, concentrando mais de 70% da produção de animais aquáticos e 90% da aquicultura.

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O relatório da FAO enfatiza a importância da aquicultura não apenas como uma fonte de alimento, mas também como um meio de sustentar economias locais e garantir a segurança alimentar. A crescente demanda por produtos aquáticos cultivados reflete as mudanças nos hábitos alimentares da população mundial, que busca alternativas mais sustentáveis e acessíveis.

Entretanto, a pesca predatória continua a ser um desafio significativo. O aumento dessa prática tem levado a uma pressão excessiva sobre os estoques pesqueiros, resultando em um impacto negativo sobre a biodiversidade marinha. A FAO recomenda a implementação de políticas mais rigorosas para proteger os ecossistemas aquáticos e promover práticas de pesca sustentável.

Além disso, o relatório sugere que a colaboração entre governos, comunidades locais e organizações não governamentais é essencial para garantir a sustentabilidade dos recursos aquáticos. A educação e a conscientização sobre a importância da pesca responsável e da aquicultura sustentável são fundamentais para o futuro do setor.

As estatísticas apresentadas no relatório da FAO refletem não apenas um avanço na produção de alimentos aquáticos, mas também um alerta sobre as práticas de pesca que podem comprometer a saúde dos oceanos e a segurança alimentar das próximas gerações. A necessidade de um equilíbrio entre a produção e a conservação dos recursos aquáticos é mais urgente do que nunca.

Por fim, a FAO reafirma seu compromisso em apoiar os países na implementação de práticas de aquicultura e pesca sustentáveis, visando a proteção dos ecossistemas aquáticos e a promoção do desenvolvimento econômico das comunidades que dependem desses recursos.

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