José Luis Oliveira Lima, advogado do general da reserva, questiona a credibilidade do delator e defende acareação entre os envolvidos.
27 de Dezembro de 2024 às 17h39

Advogado de Braga Netto afirma que Mauro Cid é 'mentiroso contumaz' e pede acareação

José Luis Oliveira Lima, advogado do general da reserva, questiona a credibilidade do delator e defende acareação entre os envolvidos.

O advogado do general da reserva Walter Souza Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, declarou nesta sexta-feira, 27, que o tenente-coronel Mauro Cid é um “mentiroso contumaz”. Lima informou que pretende solicitar uma acareação, um procedimento legal que visa confrontar informações prestadas à Justiça, entre seu cliente e Cid. A delação premiada de Cid é um elemento central no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, no qual Braga Netto é um dos investigados.

Durante uma entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, o advogado também destacou que, após o Ministério Público Federal (MPF) apresentar a denúncia e os investigados se tornarem réus, a participação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no processo será contestada. Lima argumenta que Moraes é parte interessada no caso, uma vez que o plano de golpe supostamente previa sua eliminação.

“Caso ele [Alexandre de Moraes] participe do julgamento, no momento oportuno, terei que alegar a nulidade do julgamento com base em uma defesa técnica”, afirmou Lima. O advogado expressou sua preocupação de que o julgamento não seja conduzido de forma política, mas sim técnica. “Realmente não fico confortável, após a apresentação da denúncia, que o ministro Alexandre de Moraes, que teria sido vítima desse suposto golpe, atue no julgamento”, completou.

José Luis Oliveira Lima, conhecido como Juca, também informou que solicitará a apuração dos fatos assim que tiver acesso aos autos do processo. “Vou pedir uma acareação entre Braga Netto e o Cid. Quero os dois ali, um na frente do outro”, disse. Ele insinuou que a delação premiada de Cid, homologada por Moraes, pode ter sido obtida sob coação, considerando que o tenente-coronel ficou preso por mais de 100 dias.

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O advogado ainda criticou a decisão de Moraes de prender Braga Netto sob a acusação de obstrução da Justiça, afirmando que tal decisão é “desprovida de prova concreta”. Lima sugeriu que o ministro poderia ter sido induzido ao erro por um relatório tendencioso elaborado pela Polícia Federal.

“Preciso registrar, evidentemente, o meu respeito pelo Supremo, pela Polícia Federal e pelo ministro Alexandre de Moraes... (Mas Moraes) é humano, e humano também erra”, declarou o advogado, que possui mais de três décadas de experiência nos tribunais superiores do País. Lima já atuou em casos de grande repercussão, defendendo figuras como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

Ao ser questionado por jornalistas, Lima evitou responder diretamente a algumas indagações. Ele indicou que a defesa de Braga Netto buscará desacreditar a delação de Cid, tratando-o como mentiroso. O advogado foi lembrado de que as acusações contra o general não se baseiam apenas nas declarações de Cid, mas também em documentos e provas concretas.

Um exemplo mencionado foi uma conversa entre Braga Netto e um agitador, que teria ocorrido no contexto de pressionar comandantes das Forças Armadas a apoiarem o golpe para manter Jair Bolsonaro no poder. Quando confrontado com essas evidências, o advogado se esquivou, alegando não ter tido acesso aos autos e que, se entrasse nesse debate, estaria atuando como comentarista, não como advogado.

Ele também afirmou ter conversado com Braga Netto apenas cinco vezes e estar à frente da defesa do general há apenas dez dias. Em entrevista ao canal GloboNews, Lima reiterou que não pretende utilizar uma delação premiada como estratégia de defesa, afirmando que, como seu cliente não cometeu crime, não há o que ser delatado.

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