Advogado de Braga Netto pede acareação com Mauro Cid e o chama de mentiroso contumaz
Defesa do general alega que depoimentos de Cid são inconsistentes e pede esclarecimentos à Justiça.
O advogado do general Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, anunciou nesta sexta-feira (27) que solicitará uma acareação entre seu cliente e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O objetivo é confrontar as informações apresentadas por Cid, que, segundo Lima, são mentirosas e contraditórias.
Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, Lima criticou a credibilidade dos depoimentos de Cid, que, em sua delação premiada, implicou Braga Netto em um suposto plano para desestabilizar a democracia brasileira. “O Cid prestou 11 depoimentos. Ele foi, voltou, mentiu, tentou corrigir a mentira. Quando estava sob risco de perder a delação, porque é um mentiroso contumaz, veio com um novo ingrediente”, afirmou o advogado.
Braga Netto, que está preso preventivamente desde 7 de dezembro, é acusado de ter atuado para obstruir as investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2022. O general é indiciado por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, com penas que variam de 3 a 12 anos de prisão.
Durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) em 21 de novembro, Mauro Cid alegou que Braga Netto teria entregado uma sacola de vinho com dinheiro durante uma reunião no Palácio do Planalto. O valor, segundo Cid, seria destinado a financiar ações relacionadas à tentativa de golpe, que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Lima questionou a credibilidade das declarações de Cid, dizendo: “Como é que pode dar credibilidade a uma fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado?”. O advogado também destacou que não teve acesso ao conteúdo da delação de Cid, o que, segundo ele, prejudica o direito de defesa de Braga Netto.
Além de solicitar a acareação, Lima descartou a possibilidade de que seu cliente faça um acordo de delação premiada, afirmando que “ele não praticou crime algum”. A defesa do general considera que não há provas suficientes que justifiquem a prisão e aguarda o julgamento de um agravo que questiona a decisão do STF.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou recentemente o pedido de liberdade feito pela defesa de Braga Netto, afirmando que não havia fatos novos que justificassem a soltura do general. A defesa classificou a decisão como “previsível”, mas reiterou que não há evidências que sustentem a prisão.
A situação de Braga Netto se insere em um contexto mais amplo de investigações sobre a tentativa de golpe de Estado que ocorreu em 2022, um episódio que ainda gera repercussões e debates sobre a integridade das instituições democráticas no Brasil.
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