Falta de vacinas de catapora, covid-19 e coqueluche afeta 65,8% dos municípios brasileiros
Levantamento da CNM revela desabastecimento crítico de imunizantes em diversas cidades do país
Um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) entre 29 de novembro e 12 de dezembro de 2024 revelou que 65,8% dos 2.895 municípios analisados enfrentam problemas de desabastecimento de vacinas. Os imunizantes mais afetados incluem a vacina contra a catapora, a vacina para covid-19 e a vacina tríplice, que protege contra difteria, tétano e coqueluche.
De acordo com a pesquisa, a vacina contra a catapora está em falta em 1.516 municípios, o que representa 52,4% do total analisado. A média de desabastecimento dessa vacina ultrapassa 90 dias, o que gera preocupação entre as autoridades de saúde. Em segundo lugar, a vacina contra a covid-19 para adultos está ausente em 736 municípios (25,4%), com uma média de 45 dias sem reposição.
A CNM destaca que, na primeira semana de dezembro, houve um aumento de 60% nos casos de covid-19 no Brasil, o maior índice desde março. Entre 1º e 7 de dezembro, foram registrados 20.287 casos, segundo dados do Painel Covid-19 do Ministério da Saúde. Essa situação alarmante se agrava com a falta de vacinas disponíveis.
Além disso, a vacina tríplice, que protege contra coqueluche, difteria e tétano, também apresenta desabastecimento significativo, com 520 municípios (18% do total pesquisado) relatando a falta do imunizante. A média de desabastecimento dessa vacina é de 60 dias, o que representa um risco à saúde pública, especialmente em um momento em que os casos de coqueluche aumentaram drasticamente.
Em 2024, os registros de coqueluche subiram quase 2.000% em comparação a 2023, com 4.395 casos até 27 de novembro, resultando em 17 mortes, sendo 16 delas em crianças com menos de um ano. A situação é ainda mais preocupante, pois a vacina meningocócica C, que previne a meningite do sorogrupo C, está indisponível em 375 municípios (12,9%). Outros imunizantes, como a vacina tetraviral, que combate sarampo, caxumba, rubéola e varicela, estão em falta em 337 municípios (11,6%), e a vacina contra febre amarela, em 280 municípios (9,7%).
Os estados mais afetados pela falta de vacinas incluem Santa Catarina, onde 87% dos municípios relataram desabastecimento, seguido pelo Ceará (86%), Espírito Santo (84%) e Minas Gerais (83%). A pesquisa foi realizada via call center da CNM e divulgada nesta sexta-feira (27).
Em resposta aos resultados do levantamento, o Ministério da Saúde afirmou que está garantindo o atendimento a 100% das necessidades de vacinas do calendário básico, exceto em casos de desabastecimento global, que teriam ocorrido por “problemas pontuais”. O ministério reconheceu a escassez mundial de matéria-prima para a vacina de catapora, mas assegurou que todas as doses necessárias foram garantidas após a contratação de três fornecedores.
Para 2025, a pasta garantiu que eventuais problemas de abastecimento serão resolvidos ao longo do primeiro semestre. O ministério também destacou que distribuiu 3,7 milhões de doses da vacina contra a covid-19 aos estados, das quais 503 mil foram efetivamente aplicadas, indicando que há suficiência de doses em nível estadual. Além disso, informou ter estoques suficientes para os próximos seis meses das vacinas contra meningite e coqueluche.
O cenário de desabastecimento de vacinas no Brasil é alarmante e requer atenção imediata das autoridades de saúde para garantir a proteção da população contra doenças preveníveis.
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