Kim Jong Un anuncia política anti-EUA 'mais dura' em meio a tensões globais
Líder norte-coreano critica parceria EUA-Coreia do Sul-Japão e reforça capacidade militar
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, declarou neste domingo, 29, que implementará uma política anti-EUA "mais dura", em um contexto de crescentes tensões internacionais. A declaração foi veiculada pela mídia estatal, menos de um mês antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Durante o primeiro mandato de Trump, o presidente americano se encontrou três vezes com Kim para discutir o programa nuclear da Coreia do Norte. No entanto, especialistas acreditam que uma nova cúpula entre os dois líderes é improvável, já que Trump deve priorizar conflitos em regiões como a Ucrânia e o Oriente Médio.
Apoios da Coreia do Norte à guerra da Rússia contra a Ucrânia também complicam os esforços para reavivar a diplomacia, conforme afirmam analistas. Em uma reunião plenária do partido que ocorreu na última sexta-feira, 27, Kim descreveu os Estados Unidos como "o estado mais reacionário, que considera o anticomunismo como sua política de estado invariável".
Além disso, Kim alertou que a parceria de segurança entre EUA, Coreia do Sul e Japão está se expandindo, transformando-se em "um bloco militar nuclear para agressão". Ele enfatizou que essa realidade indica claramente a direção que a Coreia do Norte deve seguir em suas ações futuras.
O discurso de Kim deixou evidente a intenção de lançar uma estratégia de ações anti-EUA de forma agressiva, visando proteger os interesses e a segurança nacional de longo prazo da Coreia do Norte. Embora a agência de notícias não tenha fornecido detalhes sobre essa estratégia, foi mencionado que Kim estabeleceu tarefas para reforçar a capacidade militar do país, com ênfase em avanços na tecnologia de defesa e na resistência mental dos soldados norte-coreanos.
As reuniões anteriores entre Trump e Kim não apenas encerraram trocas de retórica hostil, mas também ajudaram a desenvolver laços pessoais. Trump chegou a afirmar que ele e Kim "se apaixonaram". Contudo, as negociações fracassaram em 2019, principalmente devido a divergências sobre as sanções impostas pelos EUA à Coreia do Norte.
Desde então, a Coreia do Norte intensificou seus testes de armas, buscando desenvolver mísseis nucleares mais confiáveis que possam atingir os EUA e seus aliados. Em resposta, os EUA e a Coreia do Sul ampliaram seus exercícios militares, incluindo atividades trilaterais com o Japão, o que gerou fortes reações da Coreia do Norte, que considera esses exercícios como ensaios de invasão.
Para agravar a situação, a Coreia do Norte tem aprofundado sua cooperação militar com a Rússia. Avaliações de inteligência dos EUA, da Ucrânia e da Coreia do Sul indicam que a Coreia do Norte enviou mais de 10 mil soldados e sistemas de armas convencionais para apoiar a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia. Há preocupações de que a Rússia possa, em troca, fornecer tecnologia militar avançada à Coreia do Norte, incluindo assistência na construção de mísseis nucleares mais poderosos.
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