O governo brasileiro optou por enviar a embaixadora em Caracas para a posse de Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro.
02 de Janeiro de 2025 às 16h28

Depois de não reconhecer a eleição de Maduro, Lula decide enviar representante ao país para a sua posse

O governo brasileiro optou por enviar a embaixadora em Caracas para a posse de Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a presença do Brasil na posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, agendada para o dia 10 de janeiro. A informação foi divulgada por fontes do Itamaraty, que indicaram que a embaixadora do Brasil em Caracas, Gilvania de Oliveira, representará o país no evento.

A decisão de enviar um representante diplomático ocorre em meio a um cenário de tensão, uma vez que o governo brasileiro não reconheceu a legitimidade da eleição que resultou na reeleição de Maduro, ocorrida em julho de 2024. A oposição venezuelana denunciou irregularidades no pleito, alegando que seu candidato, Edmundo Gonzalez, teria sido o verdadeiro vencedor.

Embora o governo brasileiro tenha evitado se posicionar diretamente sobre as alegações de fraude, deixou claro que não reconheceria os resultados eleitorais até que as atas com os resultados fossem apresentadas. Contudo, esses documentos não foram divulgados, gerando uma crise diplomática entre Brasília e Caracas, com o governo de Maduro atacando a diplomacia brasileira e acusando-a de estar a serviço de interesses externos.

Fontes diplomáticas afirmam que, apesar de não enviar um ministro ou um representante de alto escalão para a posse, a escolha de enviar a embaixadora visa manter um canal de diálogo com o governo venezuelano. Essa estratégia é vista como uma tentativa de manter uma porta aberta para futuras negociações, sem, no entanto, elevar o nível de representação, o que indicaria que as condições exigidas pelo Brasil não foram atendidas.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

A situação política na Venezuela tem gerado divisões no Brasil. Grupos de direitos humanos pressionam o governo para que adote uma postura mais firme contra o regime de Maduro, enquanto movimentos sociais defendem o reconhecimento da vitória do presidente venezuelano. Essa polarização reflete a complexidade das relações diplomáticas entre os dois países.

Recentemente, uma carta assinada por diversas entidades, incluindo a Artigo 19 Brasil e a Human Rights Watch, foi enviada ao governo brasileiro, solicitando que o Brasil não reconheça os resultados das eleições até que as atas eleitorais sejam apresentadas e verificadas. As organizações argumentam que a situação na Venezuela exige uma postura clara em defesa dos direitos humanos e da democracia.

Por outro lado, movimentos sociais, como o Movimento Nacional de Juventude, enviaram uma carta ao presidente Lula pedindo o reconhecimento da reeleição de Maduro. As entidades que assinam o documento ressaltam a importância de manter boas relações diplomáticas com a Venezuela, baseadas no respeito mútuo e na cooperação.

A ONU também expressou preocupação com a situação na Venezuela, alertando para a necessidade de garantir o direito à manifestação pacífica durante os dias que antecedem a posse. A comissão de inquérito da ONU monitora a prisão de opositores políticos, jornalistas e ativistas de direitos humanos no país, destacando a necessidade de proteção aos direitos fundamentais.

A questão venezuelana continua a ser um tema sensível e divisivo no Brasil, refletindo as complexidades das relações internacionais e a necessidade de um posicionamento claro diante de crises políticas na região.

Veja também:

Tópicos: