Juliana Leite Rangel, de 26 anos, respira sem ajuda e interage com o ambiente, segundo hospital.
06 de Janeiro de 2025 às 08h52

Boletim médico confirma que jovem baleada por PRF não apresenta sequelas permanentes

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, respira sem ajuda e interage com o ambiente, segundo hospital.

O mais recente boletim médico sobre a saúde de Juliana Leite Rangel, de 26 anos, revela que a jovem não apresenta "sinais de sequelas permanentes irreversíveis". O documento, divulgado no último domingo (5), informa que Juliana está respirando sem a necessidade de ventilação mecânica e demonstra boa interação com o ambiente e as pessoas ao seu redor.

Juliana foi baleada na cabeça por agentes da Policia Rodoviária Federal (PRF) enquanto se dirigia à casa de parentes para comemorar o Natal. Desde o incidente, ocorrido na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a jovem tem mostrado uma melhora progressiva a cada dia, sem alterações clínicas nas últimas 24 horas. Neurologicamente, ela se encontra lúcida, recuperando funções cognitivas e motoras, embora ainda permaneça internada na terapia intensiva, sem previsão de alta do Centro de Terapia Intensiva (CTI).

No mesmo dia da divulgação do boletim, Deyse Rangel, mãe de Juliana, destacou que a filha está conseguindo se comunicar com os olhos e até pediu um refrigerante. “Os médicos falam que ela está tendo uma recuperação boa, eles estão até surpreendidos com a melhora dela. Hoje a Juju já estava se comunicando com os olhos, a gente perguntava e ela piscava concordando. Ela também está fazendo gestos com a boca, então conseguimos conversar com ela. Hoje ela teve coragem até de pedir para tomar refrigerante, acredita? Uma pena que tive que dizer que agora ela não pode”, contou Deyse.

O incidente ocorreu enquanto Juliana estava em um carro com sua família, a caminho de Niterói. No veículo estavam seu pai, Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, que foi baleado na mão esquerda, sua mãe Deyse Rangel, de 49 anos, seu irmão mais novo, de 17 anos, a namorada dele e um cachorro. A família relata que cerca de 30 tiros foram disparados contra o carro.

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Deyse Rangel afirmou que o socorro à filha só foi iniciado após a intervenção de um policial militar, que verificou que Juliana ainda estava viva. Segundo ela, os agentes da PRF demonstraram confusão e não prestaram assistência imediata. “Quando paramos, eles viram que fizeram besteira. Aí, do nada, uma patrulha da PM apareceu, perguntou o que estava acontecendo, e um policial pediu para checar a minha filha. Ele falou para mim que ela ainda estava respirando. Os agentes da PRF não fizeram nada, não tentaram socorrer, ficaram perdidos andando de um lado para o outro. Depois disso, eles botaram a Juliana no carro e a levaram para o hospital”, relatou Deyse, visivelmente emocionada.

Na manhã da quarta-feira seguinte ao incidente, os policiais rodoviários envolvidos na abordagem prestaram depoimento na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu para esclarecer os fatos. Em nota, a PRF informou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os acontecimentos e afastou preventivamente os agentes de todas as atividades operacionais.

A PRF lamentou profundamente o episódio e, por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos está acompanhando a situação e prestando assistência à família da jovem Juliana. A corporação também declarou que está colaborando com a Polícia Federal no fornecimento de informações que possam auxiliar nas investigações do caso.

O caso de Juliana Leite Rangel levanta questões sobre a atuação da PRF e a segurança pública, especialmente em situações que envolvem o uso da força por agentes de segurança. A sociedade aguarda esclarecimentos sobre os procedimentos adotados pelos policiais rodoviários e as medidas que serão tomadas para evitar que episódios semelhantes ocorram no futuro.

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