Jovem baleada pela PRF apresenta piora e volta a depender de aparelhos
Juliana Leite Rangel, de 26 anos, teve agravamento em seu estado de saúde e retornou à ventilação mecânica após infecção.
Juliana Leite Rangel, uma jovem de 26 anos, foi baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal, e seu estado de saúde apresentou um agravamento significativo nas últimas 24 horas. Após a piora, ela precisou retornar à ventilação mecânica na noite de terça-feira (7), conforme informado pelo Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, onde está internada.
De acordo com o boletim médico divulgado na manhã desta quarta-feira (8), Juliana apresentou febre e sinais de um novo quadro infeccioso, o que exigiu a reinstituição da medicação para controle da pressão arterial. A jovem segue respirando por meio de traqueostomia e está sob sedação leve, enquanto os médicos ajustam o tratamento para a infecção.
“Do ponto de vista neurológico, ela não apresentou novos sintomas, sem novos déficits e sem necessidade de uma nova cirurgia. O processo de reabilitação precisou ser interrompido devido ao agravamento do quadro infeccioso”, informou a direção do hospital em nota.
Juliana permanece em terapia intensiva, recebendo acompanhamento de uma equipe multidisciplinar que inclui neurocirurgiões e psicólogos. Não há previsão de alta do Centro de Terapia Intensiva (CTI) neste momento.
Nos últimos dias, a jovem havia demonstrado uma melhora progressiva em seu estado de saúde. Até a última segunda-feira (6), ela estava respirando em ar ambiente, interagindo com os profissionais de saúde e respondendo a comandos, além de mobilizar os quatro membros.
“Do ponto de vista neurológico, a jovem vinha progredindo no nível de consciência, sem novos déficits, com melhora clínica e laboratorial mantidas. Ela estava recuperando as funções motoras e cognitivas, sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis”, afirmava o boletim anterior do hospital.
O incidente ocorreu na noite de 24 de dezembro, quando Juliana e sua família estavam a caminho de uma ceia de Natal em Niterói. Durante a abordagem na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, o carro da família foi atingido por disparos de fuzil. O pai de Juliana, que dirigia, também foi ferido na mão esquerda e recebeu alta na mesma noite.
As circunstâncias da abordagem estão sendo investigadas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação está apurando todos os casos de excessos durante as abordagens realizadas por seus agentes. Os três policiais envolvidos na ação foram afastados preventivamente de suas funções operacionais.
O caso ganhou destaque em meio a um contexto de regulamentação do uso da força por parte das autoridades, com um decreto federal publicado horas antes do incidente, que estabelece que “o emprego de arma de fogo será medida de último recurso”.
As investigações continuam, e a PF já iniciou a reconstituição da abordagem, utilizando tecnologia como drones e scanners para entender melhor a dinâmica do ocorrido. A expectativa é que os resultados dessas investigações contribuam para esclarecer os fatos e responsabilizar os envolvidos.
Veja também: