Pai da jovem, atingido por tiro na mão, enfrenta dificuldades financeiras e pede ajuda.
07 de Janeiro de 2025 às 19h04

Família de Juliana Rangel, baleada por PRF, solicita pensão provisória à Justiça

Pai da jovem, atingido por tiro na mão, enfrenta dificuldades financeiras e pede ajuda.

A família de Juliana Leite Rangel, de 26 anos, que foi baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera de Natal, está pleiteando na Justiça uma pensão provisória para garantir sua sobrevivência financeira. O pai de Juliana, Alexandre Rangel, que é mecânico autônomo, não tem conseguido trabalhar desde que foi atingido por um tiro na mão esquerda durante o incidente.

“Tomei um tiro na mão. Não estou em condições de trabalhar. E [tem o motivo] psicológico também”, relatou Alexandre em um vídeo publicado no Instagram pela filha dele e irmã de Juliana, Jéssica Rangel. O pai expressou sua preocupação com a situação financeira da família, afirmando: “Está acabando o dinheiro. Tenho despesas todos os dias aqui com lanche e comida no hospital”.

Juliana está internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e sua família não está recebendo qualquer tipo de ajuda financeira da PRF, conforme informado por Jéssica.

O advogado da família, Ademir Claudino, declarou à imprensa que já solicitou ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) um benefício de auxílio por incapacidade temporária, uma vez que Alexandre possui a qualidade de segurado. “Contudo, tal solicitação se encontra em análise”, explicou. “Estamos requerendo uma pensão provisória na Justiça Federal, enquanto persistir a incapacidade do Alexandre e da Juliana”, acrescentou o advogado.

Alexandre deve passar por uma reavaliação médica para determinar se será necessário um procedimento cirúrgico. “Havendo necessidade, será acrescida tal informação aos requerimentos”, adiantou Claudino.

Juliana, que trabalha como agente de saúde no município de Belford Roxo, também teve um pedido de auxílio por incapacidade temporária protocolado por seu advogado.

A PRF não se manifestou sobre a possível ajuda financeira à família até o fechamento desta reportagem.

Atualmente, Juliana segue internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Segundo informações da direção da unidade, ela está lúcida, consegue movimentar os quatro membros e apresenta uma melhora progressiva diária.

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“Está recuperando as funções motoras e cognitivas, sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis, já sendo iniciado o processo de reabilitação”, informou o boletim médico. Recentemente, Juliana, que respirava com auxílio de traqueostomia, teve a ventilação mecânica retirada.

Embora ainda não haja previsão de alta do CTI, a paciente realiza fisioterapia respiratória sem auxílio de aparelhos. No último fim de semana, ela ainda necessitava de ventilação mecânica em alguns períodos, mas a expectativa da família é que Juliana consiga respirar sem a traqueostomia ainda esta semana.

“Minha irmã está a cada dia melhor, graças a Deus”, disse Jéssica. “Ontem (6), ela estava com um pouco de falta de ar, mas os médicos afirmam que isso é normal, é preciso fazer o pulmão trabalhar”, detalhou.

Jéssica, que é seis anos mais velha que Juliana, descreveu a ansiedade da irmã para se comunicar: “Ela fica, às vezes, ansiosa, querendo falar, e a gente tem que ficar lendo os lábios dela para poder entender”.

O incidente que resultou nos ferimentos de Juliana ocorreu na noite de Natal, quando ela foi atingida por um tiro de fuzil enquanto estava dentro do carro da família, na Rodovia Washington Luís (BR-040). O pai, que dirigia o veículo, também foi ferido na mão esquerda e recebeu alta na mesma noite.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) estão investigando o caso. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação está apurando todos os casos de excessos durante abordagens policiais realizadas por seus agentes. Os três policiais envolvidos na abordagem foram afastados preventivamente de suas funções operacionais.

Este episódio ocorreu horas após o governo federal ter publicado um decreto que regulamenta o uso da força em operações policiais, estabelecendo que “o emprego de arma de fogo será medida de último recurso”.

Em um caso semelhante, em 2023, uma menina de três anos, Heloísa dos Santos Silva, foi morta por tiros disparados por policiais rodoviários federais no Rio de Janeiro. O incidente aconteceu na Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, conhecida como Arco Metropolitano, em Seropédica.

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