Relatório Focus: mercado eleva projeções de inflação e Selic para 2025
Expectativa de inflação para 2025 chega a 4,99%, enquanto Selic deve atingir 15% ao final do ano.
O Banco Central divulgou nesta segunda-feira, 6, os dados mais recentes do Relatório Focus, que traz as projeções de economistas sobre a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. As expectativas para 2025 mostram um aumento significativo, com a inflação projetada em 4,99%, quase meio ponto percentual acima do teto da meta estabelecida, que é de 4,50%.
A mediana da projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela 12ª semana consecutiva, passando de 4,96% para 4,99%. Um mês atrás, a expectativa era de 4,59%. Considerando as 57 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana foi ajustada de 5,09% para 4,99%. Essa tendência de alta na inflação preocupa os analistas, especialmente em um cenário onde a meta de inflação é avaliada continuamente com base na variação acumulada em 12 meses.
O centro da meta de inflação permanece em 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Caso o IPCA fique fora desse intervalo por seis meses consecutivos, o Banco Central será considerado fora do alvo. Para o ano de 2024, a mediana das projeções para o IPCA caiu ligeiramente de 4,90% para 4,89%, mas ainda assim acima do teto da meta.
Além disso, as previsões para o PIB também foram atualizadas. A mediana de crescimento do PIB para 2024 se manteve em 3,49%, enquanto a expectativa para 2025 subiu de 2,01% para 2,02%. Para 2026, a projeção de crescimento continua em 1,80%, e para 2027 permanece em 2,0%. Essas estimativas refletem um cenário de recuperação econômica, embora moderada.
Outro ponto importante do relatório é a expectativa em relação à taxa Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil. A mediana para a Selic no final de 2025 foi elevada de 14,75% para 15,00%. Um mês atrás, a taxa estava em 13,50%. O Comitê de Política Monetária (Copom) já havia sinalizado um aumento na taxa básica, que atualmente está em 12,25% ao ano, com a possibilidade de novas elevações nos próximos meses.
Os analistas do mercado financeiro também preveem que a taxa Selic permanecerá elevada até 2026, quando deve começar a ser reduzida. As expectativas são de que a Selic fique em 12% em 2026 e 10% em 2027. A inflação, segundo os economistas, deve começar a convergir para a meta de 3% nos próximos anos, mas ainda há incertezas sobre a trajetória da economia.
O cenário para o câmbio também foi abordado, com a expectativa de que o dólar permaneça acima de R$ 6 neste ano, mas comece a recuar nos anos seguintes, com previsões de R$ 5,90 em 2025 e R$ 5,80 em 2027. Essa dinâmica do câmbio é fundamental para a inflação, pois a valorização do real pode ajudar a conter os preços.
Por fim, o relatório também trouxe informações sobre o déficit primário, que é a diferença entre receitas e despesas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública. A mediana para o déficit primário de 2024 se manteve em 0,50% do PIB, distante da meta de déficit zero estabelecida pelo governo. Para 2025, a expectativa é de um déficit de 0,60% do PIB, enquanto para 2026 a projeção é de 0,50%.
Essas projeções refletem um cenário desafiador para a economia brasileira, com a necessidade de políticas eficazes para controlar a inflação e garantir um crescimento sustentável.
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