Transferência marca a maior redução na população de detentos em Guantânamo durante a administração Biden.
07 de Janeiro de 2025 às 06h31

EUA transferem 11 detentos de Guantânamo para Omã em movimento significativo

Transferência marca a maior redução na população de detentos em Guantânamo durante a administração Biden.

Na última segunda-feira, o Pentágono anunciou a transferência de 11 detentos yemenitas da prisão de Guantânamo, localizada em Cuba, para Omã. Essa ação reduz o número total de prisioneiros na instalação para apenas 15, representando um marco na política de detenções dos Estados Unidos.

A transferência é considerada a maior realizada sob a administração do presidente Joe Biden, que busca diminuir a população de detentos e, eventualmente, fechar a controversa instalação. Em um comunicado, o Departamento de Defesa dos EUA expressou sua gratidão ao governo de Omã e a outros parceiros pela colaboração nesse esforço.

Os 11 homens transferidos foram capturados após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e passaram mais de duas décadas sem serem formalmente acusados ou julgados. O governo dos EUA afirmou que essa ação faz parte de uma estratégia mais ampla para responsabilizar-se pela redução da população carcerária em Guantânamo.

Entre os detentos que permanecem em Guantânamo está Khalid Sheikh Mohammed, considerado o mentor dos ataques de 11 de setembro. Ele deve comparecer a uma audiência na próxima semana, onde se espera que aceite um acordo de confissão em troca da retirada da pena de morte.

O advogado de Sharqawi Al Hajj, um dos detentos transferidos, destacou que seu cliente havia realizado várias greves de fome e enfrentado hospitalizações durante seus 21 anos de prisão em Guantânamo, além de dois anos de detenção e tortura em instalações da CIA. “Nossos pensamentos estão com o Sr. Al Hajj enquanto ele faz a transição para o mundo livre após quase 23 anos em cativeiro”, afirmou Pardiss Kebriaei, advogado do Centro de Direitos Constitucionais.

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Com a transferência dos 11 detentos, o número total de prisioneiros em Guantânamo cai para 15, o menor desde 2002, quando a instalação foi criada. Desses, três são elegíveis para transferência, enquanto outros três aguardam revisão periódica, e sete estão envolvidos em processos militares.

A Anistia Internacional acolheu a transferência, mas reiterou que Guantânamo continua a ser uma “mancha duradoura” na reputação dos direitos humanos dos Estados Unidos. A organização destacou que a instalação é um símbolo de detenções sem julgamento e de violações de direitos humanos.

Nos últimos meses, o governo dos EUA tem avançado com a liberação de detentos de Guantânamo, incluindo um tunisiano que estava preso desde a abertura da instalação em 2002. A pressão para fechar Guantânamo tem sido uma constante nas administrações americanas, mas a instalação permanece em operação, mesmo com promessas de fechamento feitas por Biden durante sua campanha presidencial.

Ainda restam 15 detentos em Guantânamo, sendo que seis deles não foram acusados de nenhum crime. O Departamento de Defesa dos EUA informou que está trabalhando para identificar países dispostos a receber esses prisioneiros não acusados.

As condições de detenção em Guantânamo e o tratamento dos prisioneiros têm gerado críticas de grupos de direitos humanos e especialistas da ONU, que condenam a instalação como um local de “notoriedade sem paralelo”. A transferência dos 11 detentos para Omã é vista como um passo positivo, mas a luta pela justiça e pela reparação para aqueles que sofreram em Guantânamo continua.

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