Com a proposta de promover o consumo consciente, o movimento de desinfluenciadores ganha força nas redes sociais.
12 de Janeiro de 2025 às 18h06

Desinfluenciadores: o movimento que desafia a cultura do consumo excessivo

Com a proposta de promover o consumo consciente, o movimento de desinfluenciadores ganha força nas redes sociais.

O conceito de desinfluenciadores tem se tornado cada vez mais relevante no cenário atual, especialmente nas redes sociais. Este movimento, que começou a ganhar força em 2023, busca combater a cultura do consumo excessivo, promovendo uma reflexão sobre as compras que realizamos e a influência que os criadores de conteúdo exercem sobre os consumidores.

Diana Wiebe, uma influenciadora de Ohio, nos Estados Unidos, é um exemplo notável desse fenômeno. Em 2019, ela se viu presa em um ciclo de compras impulsivas, motivadas por influenciadores que promoviam produtos como modeladores de cachos. “Honestamente, o modelador realmente perturbava meu sono e não consegui passar uma noite com ele”, revela Wiebe. Com a experiência acumulada, ela decidiu mudar sua abordagem e agora utiliza sua plataforma no TikTok para desinfluenciar seus seguidores, questionando: “Você queria aquele produto antes de ele ser oferecido para você?”.

O movimento dos desinfluenciadores se opõe à cultura dos "hauls", que são vídeos onde influenciadores mostram grandes quantidades de compras, geralmente de roupas. Essa prática, que se originou no YouTube, tem sido criticada por incentivar o consumo desenfreado. Com a hashtag #deinfluencing, o TikTok viu mais de um bilhão de visualizações, sinalizando um desejo crescente por uma abordagem mais consciente em relação ao consumo.

Além de Wiebe, outras criadoras de conteúdo, como Christina Mychaskiw, também têm se destacado nesse movimento. Mychaskiw, que mora em Toronto, no Canadá, compartilha sua experiência de ter acumulado uma dívida de 120 mil dólares canadenses em crédito estudantil enquanto comprava incessantemente. “As pessoas não veem mais o valor do que estão comprando”, afirma ela, ressaltando a desilusão que muitos sentem ao perceber que os produtos não atendem às suas expectativas.

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O apelo por um consumo mais consciente se reflete em mensagens como “a moda fast fashion não irá deixar você estiloso” e “o baixo consumo é o consumo normal”. Essas ideias têm ganhado força entre os desinfluenciadores, que buscam conscientizar seus seguidores sobre os impactos negativos do consumismo desenfreado.

A estilista Lucinda Graham também se posiciona contra a fast fashion, argumentando que o consumo excessivo não é apenas prejudicial para as finanças pessoais, mas também para o estilo individual. “O estilo pessoal exige tempo para desenvolver e experimentar as mesmas peças”, aconselha Graham, enfatizando a importância de compras intencionais.

O impacto do movimento dos desinfluenciadores ainda é incerto, especialmente em um cenário onde marcas como Asos e Boohoo enfrentam dificuldades devido à queda na demanda. No entanto, a indústria de marketing por influenciadores continua a crescer, com um valor estimado de 21,1 bilhões de dólares em 2023, mais do que o dobro de 2019.

Aja Barber, autora do livro *Consumed: On Colonialism, Climate Change, Consumerism and the Need for Collective Change*, acredita que o movimento desinfluenciador é essencial, mas que o diálogo precisa ocorrer fora das redes sociais para realmente impactar os hábitos de consumo das pessoas. “Precisamos tomar consciência dos danos que os indivíduos estão causando com a ideia de que podemos simplesmente consumir cada vez mais, sem impactos negativos”, alerta Barber.

À medida que o movimento dos desinfluenciadores continua a crescer, ele desafia não apenas a cultura do consumo, mas também a forma como nos relacionamos com as marcas e os produtos que escolhemos comprar. A mudança de mentalidade em direção ao consumo consciente pode ser um passo importante para um futuro mais sustentável.

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