O ressurgimento do sorotipo 3 da dengue, não visto desde 2008, acende alerta em estados como São Paulo e Minas Gerais.
09 de Janeiro de 2025 às 14h50

Dengue: Sorotipo 3 retorna ao Brasil e gera preocupação entre autoridades de saúde

O ressurgimento do sorotipo 3 da dengue, não visto desde 2008, acende alerta em estados como São Paulo e Minas Gerais.

O Ministério da Saúde anunciou um plano de contingência para a dengue, em resposta ao aumento do sorotipo 3 do vírus, que não circulava no Brasil desde 2008. A preocupação é crescente, especialmente em estados como São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná, onde os casos têm se intensificado nas últimas semanas.

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que possui quatro sorotipos distintos. O sorotipo 1 foi o predominante em 2024, representando 73,4% dos casos. No entanto, desde setembro do ano passado, o DENV-3 tem mostrado um aumento alarmante, levando as autoridades a se prepararem para um possível surto.

A secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, destacou em coletiva de imprensa que “temos muitas pessoas suscetíveis, que nunca tiveram contato com esse sorotipo”. O ressurgimento do DENV-3 pode resultar em um aumento significativo de infecções, já que a maioria da população não possui imunidade contra ele.

Além disso, a secretária alertou que pessoas que já foram infectadas por outros sorotipos da dengue podem estar mais propensas a desenvolver formas graves da doença, o que representa um risco adicional para o sistema de saúde. “Estamos vendo uma mudança significativa para o sorotipo 3”, enfatizou Maciel.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, também comentou sobre a situação, atribuindo o aumento dos casos de dengue às mudanças climáticas. “O aquecimento global está fazendo com que a dengue apareça em lugares que não aparecia antes. A doença já é considerada endêmica em 130 países”, afirmou.

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O Ministério da Saúde não declarou estado de emergência, mas está em alerta e já registrou uma diminuição nos casos de dengue na primeira semana de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é que o número de casos aumente, especialmente em regiões onde o DENV-3 está se espalhando.

Para combater a doença, o governo anunciou a aquisição de 9,5 milhões de doses da vacina Qdenga, que será distribuída em postos de saúde em 2025. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina apenas para crianças entre 10 e 14 anos, que são o grupo mais vulnerável à dengue grave.

O plano de ação inclui a instalação do Centro de Operações de Emergência (COE) para Dengue e outras arboviroses, com um investimento de R$ 1,5 bilhão em medidas de prevenção e combate. Entre as estratégias está a ampliação do método Wolbachia, que envolve a infecção de mosquitos Aedes aegypti com uma bactéria que impede a transmissão do vírus.

As autoridades de saúde estão intensificando o monitoramento da situação e implementando novas tecnologias para controlar a população de mosquitos. O cenário atual exige atenção redobrada, uma vez que as condições climáticas e o armazenamento inadequado de água podem favorecer a proliferação do Aedes aegypti.

O aumento do sorotipo 3 da dengue e a possibilidade de um surto em 2025 são questões que exigem um esforço conjunto entre o governo federal, estados e municípios para garantir a saúde pública e a segurança da população.

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