Com 40 metros de extensão, muro na Cracolândia visa conter fluxo de usuários de drogas e melhorar a segurança na região.
15 de Janeiro de 2025 às 10h59

Prefeitura de São Paulo constrói muro de 2,5 metros na Cracolândia para isolar usuários

Com 40 metros de extensão, muro na Cracolândia visa conter fluxo de usuários de drogas e melhorar a segurança na região.

A Prefeitura de São Paulo finalizou a construção de um muro de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura na Rua General Couto de Magalhães, na região da Cracolândia, conhecida por concentrar um grande número de usuários de drogas e pessoas em situação de rua. A nova estrutura substitui um tapume que havia no local e faz parte de um conjunto de ações para isolar a área e melhorar a segurança.

A Cracolândia se tornou um ponto de disputa que envolve a especulação imobiliária e a presença de usuários de drogas. Vias como a Avenida Duque de Caxias e a Rua dos Gusmões têm sido locais de concentração de pessoas que fazem uso abusivo de substâncias. A administração municipal afirma que a medida foi implementada para garantir um melhor atendimento social e segurança para as equipes de saúde que atuam na região.

De acordo com a prefeitura, houve uma redução de 73,14% na média de pessoas na Cracolândia entre janeiro e dezembro de 2024. No entanto, críticos da medida argumentam que o muro cria um ambiente de exclusão e agrava a situação dos usuários. Roberta Costa, ativista do movimento Craco Resiste, declarou em entrevista: “A gente vive hoje na cidade uma cena absurda e bizarra de violência contra as pessoas que estão desprotegidas socialmente.”

Roberta também relatou que ações solidárias planejadas para ajudar os usuários têm sido impedidas pela segurança que controla o local. “Não cuidam e também nos impedem de cuidar. Esse triângulo é delimitado por esse muro que foi construído para as pessoas com carro não verem as pessoas que estão ali”, denunciou.

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Embora a prefeitura defenda a construção do muro como uma medida necessária, a Defensoria Pública do estado apontou em um relatório que o isolamento pode ter levado ao deslocamento forçado de pessoas para dentro da área cercada. O documento menciona que usuários não podem permanecer no espaço público e são obrigados a se afastar quando viaturas policiais se aproximam.

Quirino Cordeiro, diretor do hub de cuidados em crack e outras drogas, afirmou que, apesar da diminuição do fluxo na Cracolândia, a demanda por atendimentos continua alta. “Essa tem sido uma constância no serviço, ou seja, temos atendido cada vez mais pacientes com dependência química e que estão em situação de rua aqui na região central de São Paulo”, disse.

O contrato para a construção do muro foi assinado em abril de 2024, após uma licitação vencida pela empresa Kagimasua Construções Ltda. Apesar de a obra ter sido finalizada em junho, a inspeção e o aceite definitivo pela Subprefeitura da Sé ainda estão pendentes.

A região onde o muro foi construído abriga importantes unidades de segurança pública, como o Denarc e o DHPP, além de batalhões da Polícia Militar. Isso reforça o monitoramento intenso na área, que, mesmo assim, enfrenta desafios sociais complexos.

A construção do muro e suas implicações continuam a ser um tema de debate entre autoridades, ativistas e a população, refletindo a complexidade da situação enfrentada na Cracolândia.

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