Dados do Banco Central mostram a maior redução nas operações do sistema desde sua criação em 2020, em meio a fake news.
15 de Janeiro de 2025 às 10h59

Queda no número de transações do Pix atinge 10,9% após polêmica sobre fiscalização

Dados do Banco Central mostram a maior redução nas operações do sistema desde sua criação em 2020, em meio a fake news.

A quantidade de transações realizadas por meio do Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central em novembro de 2020, sofreu uma queda significativa nos primeiros dias de janeiro de 2025. Entre os dias 4 e 10 do mês, foram registradas 1,25 bilhão de operações, o que representa uma redução de 10,9% em comparação ao mesmo período de dezembro de 2024. Este é o maior recuo já observado desde a implementação do sistema.

A retração no uso do Pix ocorre em um contexto de desinformação e dúvidas sobre a nova norma da Receita Federal, que ampliou a fiscalização sobre as movimentações financeiras de consumidores e empresas. A Receita nega que o objetivo da medida seja atingir pequenos contribuintes, mas a preocupação com a possibilidade de uma maior tributação e a quebra de sigilo bancário gerou insegurança entre os usuários.

Os dados foram obtidos a partir de um levantamento que analisou as operações do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI). Historicamente, o início de janeiro já apresenta uma queda nas transações devido ao fim das festividades de fim de ano e ao pagamento de salários. No entanto, a magnitude da redução deste ano é atípica, superando a queda de 7,5% registrada em janeiro de 2022.

O Banco Central, que considera o Pix uma das maiores inovações financeiras do Brasil, expressou preocupação com o impacto das fake news na percepção pública sobre o sistema. A disseminação de informações falsas, como a criação de um novo tributo e a suposta quebra de sigilo, tem afetado a confiança dos usuários, o que pode comprometer a adoção e o uso do sistema no futuro.

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A nova norma da Receita Federal, que entrou em vigor em 1º de janeiro, exige que instituições de pagamento e bancos informem movimentações financeiras que ultrapassem R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. Anteriormente, esses limites eram de R$ 2 mil e R$ 6 mil, respectivamente. Apesar das mudanças, a Receita enfatiza que os dados enviados são agregados, sem detalhamento de operações específicas, como Pix ou TED.

Os técnicos da Receita explicam que a atualização da norma visa identificar grandes esquemas de sonegação e lavagem de dinheiro, e não pequenos valores de trabalhadores ou comerciantes informais. A medida tem como objetivo focar a fiscalização em atividades ilícitas, que envolvem volumes financeiros muito maiores do que as inconsistências de pequenos empresários.

Embora a queda nas transações do Pix entre dezembro e janeiro seja comum, a redução deste ano é considerada alarmante, uma vez que o volume de operações entre os dias 4 e 10 de janeiro também ficou abaixo do mesmo período em meses anteriores, como setembro, outubro e novembro de 2024. Isso representa um comportamento raro para um sistema que, até então, apresentava crescimento contínuo.

O impacto das fake news e a desinformação podem afetar a confiança dos usuários no sistema, que já movimenta cerca de R$ 2,5 trilhões por mês, com mais de 6 bilhões de transações realizadas. Especialistas afirmam que, independentemente do meio de recebimento, a renda deve ser declarada, e a sonegação será penalizada.

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