Ação ocorre em meio a polêmica sobre a legalidade do serviço de mototáxi da empresa na capital paulista
15 de Janeiro de 2025 às 22h56

Prefeitura de São Paulo apreende motos da 99 por transporte clandestino de passageiros

Ação ocorre em meio a polêmica sobre a legalidade do serviço de mototáxi da empresa na capital paulista

A Prefeitura de São Paulo anunciou, nesta quarta-feira (15), a apreensão de três motocicletas que realizavam o transporte de passageiros através do aplicativo da 99, em uma ação que a administração municipal classifica como combate ao "transporte clandestino". A medida ocorre em um contexto de conflito entre a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a plataforma de mobilidade, que recentemente lançou o serviço 99Moto na cidade.

As apreensões foram realizadas pelo Departamento de Transportes Públicos (DTP), com o apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM). O primeiro caso ocorreu por volta das 15h45, na Avenida Calin Eid, na Zona Leste, onde um motociclista foi abordado enquanto transportava uma passageira. A usuária confirmou que havia solicitado a corrida pelo aplicativo, cujo valor era de R$ 11 para um trajeto de aproximadamente 6 quilômetros.

Além da moto apreendida na Zona Leste, outras duas foram retiradas de circulação na Avenida Brás Leme, na Zona Norte. A Prefeitura justificou a ação com base nas leis municipais 15.676/2012 e 16.344/2016, que proíbem o transporte remunerado de passageiros em motocicletas na capital.

O Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV) notificou a 99, exigindo que, em um prazo de 24 horas, a empresa exclua de sua plataforma qualquer atividade relacionada ao transporte individual remunerado de passageiros por motocicletas na cidade.

Em resposta à fiscalização, a 99 declarou que o serviço é "plenamente amparado pela legislação federal" e que não reconhece a ameaça concreta da Prefeitura. A empresa anunciou que recorrerá ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) para garantir os direitos de seus motoristas e usuários. A administração municipal, por sua vez, considerou a decisão judicial uma vitória, reforçando que a 99 não pode operar na cidade devido à proibição vigente.

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O juiz Josuê Vilela Pimentel, da 8ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, negou um pedido da 99 para suspender a notificação da Prefeitura, reafirmando a legalidade da proibição do serviço de mototáxi. A 99, que já opera em mais de 3.300 municípios no Brasil, argumenta que a proibição fere a Política Nacional de Mobilidade, que permite o transporte individual privado de passageiros mediado por aplicativos.

O Sindicato dos Motoboys de São Paulo (SindimotoSP) também se posicionou contra o serviço, orientando os motociclistas a não realizarem "mototáxi clandestino" para evitar apreensões e responsabilidades legais em caso de acidentes.

Embora a 99 tenha afirmado que o serviço pode gerar R$ 28 milhões em arrecadação para a cidade e criar 13 mil empregos diretos e indiretos, a Prefeitura continua a intensificar a fiscalização em todas as áreas da capital, visando coibir a prática do transporte clandestino.

O debate sobre a legalidade e segurança do serviço de mototáxi na cidade de São Paulo continua, com especialistas divididos sobre a competência do município em proibir essa modalidade de transporte. Enquanto alguns defendem a autonomia municipal para legislar sobre o assunto, outros argumentam que apenas a União pode estabelecer regras sobre o trânsito na cidade.

Com a crescente preocupação em relação à segurança no trânsito, a Prefeitura destaca que o número de mortes por acidentes de moto na capital aumentou, e que a proibição do serviço visa proteger a população de riscos associados a essa prática.

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