Após 15 meses de conflito, Israel e Hamas firmam acordo de cessar-fogo, mas incertezas persistem sobre a liberação de reféns.
16 de Janeiro de 2025 às 11h28

Famílias de reféns em Gaza vivem tensão e esperança durante cessar-fogo frágil

Após 15 meses de conflito, Israel e Hamas firmam acordo de cessar-fogo, mas incertezas persistem sobre a liberação de reféns.

Após 15 meses de intenso conflito, Israel e o Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo em Gaza, que também prevê a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos. No entanto, questões não resolvidas ainda pairam sobre o acordo, conforme informações do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que aguarda soluções nas próximas horas.

As famílias dos reféns estão com os nervos à flor da pele, tanto em relação aos que estão incluídos na primeira parte do acordo, quanto aos que permanecem em cativeiro, cujo destino ainda é incerto.

A família Sharabi, por exemplo, perdeu quatro membros desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023 e aguarda ansiosamente o retorno de Elie, o único suposto sobrevivente. “Faremos de tudo para trazê-lo de volta”, afirma Sharon, seu irmão, em Israel.

“Este é um momento muito intenso na história do país, após uma jornada longa e exaustiva de quase 16 meses. Não se trata apenas de um evento particular para nossa família, mas de uma celebração para todo o povo israelense”, declarou Sharon Sharabi.

Shlomo Mantzur, de 86 anos, é o mais velho dos reféns e originário do Iraque. Sua irmã, Hadassah, expressa sua esperança: “Estamos no meio de uma enxurrada de emoções até que tudo se resolva. Enquanto não pudermos ver Shlomo aqui, não conseguirei me acalmar”, afirmou.

Apesar da intensa emoção, a cautela é a palavra de ordem entre as famílias, que reconhecem a fragilidade do cessar-fogo como um consenso geral.

A guerra, que teve início em 7 de outubro de 2023 com um ataque do Hamas, resultou em mais de 1.200 mortes no primeiro dia e devastou Gaza, onde mais de 46.000 palestinos perderam a vida devido aos bombardeios israelenses. Os 467 dias de conflito deixaram o enclave palestino em ruínas.

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Em Deir el Balah, no centro da Faixa de Gaza, Louay, um dos habitantes, aguarda ansiosamente a oficialização do cessar-fogo. “Há um milhão e quinhentas mil pessoas deslocadas aqui. Estamos no meio da noite e as pessoas ainda estão nas ruas comemorando o anúncio do cessar-fogo”, declarou.

Denis Charbit, professor de ciência política da Universidade Aberta de Israel, descreve a situação como um “alívio misturado com covardia”, já que 33 dos 98 reféns foram libertados, mas ainda restam dois terços nas mãos do Hamas, sem informações sobre seu estado.

“A atenção em Israel está dividida, mas focada na libertação iminente desses 33 reféns, e não no fim dos combates. Isso é significativo para as famílias israelenses que têm filhos como reservistas ou soldados”, acrescentou Charbit.

O fim do conflito, que durou 467 dias, trouxe alívio para muitos, mas também deixou um rastro de destruição. Gaza, devastada por explosivos, enfrenta um futuro incerto. “Esta é a minha terra, meu país. Vamos reconstruir tudo o que foi destruído”, afirmou Abu Mohamed.

Gil Dickman, uma figura importante entre as famílias de reféns, lamenta a perda de sua prima, Carmel Gat, encontrada morta em um túnel em Gaza. “Sinto muita tristeza. Penso que minha prima poderia ter sido libertada, mas este acordo não foi alcançado a tempo para ela”, disse.

O primeiro-ministro Netanyahu, por sua vez, acusou o Hamas de negar certos pontos do acordo e afirmou que seu governo não validará o projeto até receber garantias de que o grupo palestino aceitou todos os termos.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, declarou que “não há certeza” sobre o destino dos dois reféns franco-israelenses ainda presos na Faixa de Gaza, Ofer Kalderon e Ohad Yahalomi, e expressou esperança de que eles possam retornar vivos e com saúde.

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