Estudo revela que 55,9% dos jovens brasileiros vivem em condições de pobreza multidimensional em 2023.
16 de Janeiro de 2025 às 14h32

Brasil ainda tem 28,8 milhões de crianças na pobreza, apesar de avanços, diz Unicef

Estudo revela que 55,9% dos jovens brasileiros vivem em condições de pobreza multidimensional em 2023.

O Brasil enfrenta um desafio persistente em relação à pobreza infantil, com 28,8 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos vivendo em condições de privação. Os dados, divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira (16), mostram que, apesar da redução significativa em comparação a 2017, quando 34,3 milhões estavam nessa situação, o percentual ainda é alarmante.

Atualmente, 55,9% da população jovem do país se encontra em situação de pobreza multidimensional, que considera não apenas a renda, mas também o acesso a direitos fundamentais como educação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil.

O estudo, intitulado “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, revela que a pobreza multidimensional extrema também apresentou queda, passando de 13 milhões (23,8%) em 2017 para 9,8 milhões (18,8%) em 2023. Essa redução é atribuída, em parte, à ampliação do programa Bolsa Família, que teve um impacto positivo na renda das famílias.

Entre 2017 e 2023, o número de crianças e adolescentes em privação de renda caiu de 25,4% para 19,1%. No que diz respeito ao acesso à informação, a redução foi ainda mais acentuada, passando de 17,5% para 3,5%. Contudo, a situação em relação ao saneamento básico permanece crítica, com 38% das crianças sem acesso a esse serviço essencial.

“A pobreza infantil é multidimensional porque vai além da renda. Ela resulta da relação entre privações, exclusões e vulnerabilidades que comprometem o bem-estar de meninas e meninos”, explica Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil.

O estudo também destaca que, apesar dos avanços, as desigualdades persistem. Crianças e adolescentes negros enfrentam taxas de pobreza multidimensional significativamente mais altas, com 63,6% nessa condição, em comparação a 45,2% entre brancos. Essa disparidade evidencia a necessidade de políticas públicas que abordem as desigualdades raciais e regionais.

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As regiões Norte e Nordeste do Brasil continuam a concentrar os maiores índices de privação, com estados como Pará e Maranhão apresentando os piores números. Em contrapartida, estados do Sudeste, como São Paulo, mostram uma situação relativamente melhor, com 31,8% de crianças e adolescentes em privação.

A análise também revela que a insegurança alimentar, embora tenha diminuído de 50,5% em 2018 para 36,9% em 2023, ainda é uma preocupação. O relatório aponta que a pandemia de Covid-19 teve um impacto negativo na educação, com um aumento significativo no número de crianças não alfabetizadas na faixa etária de 8 anos, que saltou de 14% para 30% entre 2019 e 2023.

O Unicef recomenda que o Brasil continue a priorizar políticas públicas voltadas para a infância e adolescência, assegurando que todos os direitos das crianças sejam garantidos de forma conjunta. A implementação de medidas que integrem as diversas dimensões da pobreza é crucial para a melhoria das condições de vida dessa população vulnerável.

Com a redução da pobreza infantil, o país ainda enfrenta um longo caminho a percorrer para garantir que todas as crianças e adolescentes tenham acesso a uma vida digna e plena, com oportunidades de desenvolvimento e crescimento.

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