O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) teve sua quarta queda consecutiva, atingindo 49,1 pontos em janeiro.
16 de Janeiro de 2025 às 15h32

Indústria brasileira registra pessimismo pela primeira vez em 20 meses, aponta CNI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) teve sua quarta queda consecutiva, atingindo 49,1 pontos em janeiro.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) apresentou uma queda de 1 ponto em janeiro de 2025, passando de 50,1 para 49,1 pontos. Este resultado marca a quarta redução consecutiva do indicador, que não registrava um nível de pessimismo há 20 meses, desde maio de 2023. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O ICEI, que mede a confiança dos empresários do setor industrial, caiu 4,3 pontos desde setembro de 2024, quando estava em 53,4 pontos. A variação indica uma transição de um estado de neutralidade, observado em dezembro, para um cenário de desconfiança por parte dos industriais.

Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, explicou que “o pessimismo faz com que os empresários tendam a adiar decisões relacionadas a investimentos, aumento de produção e contratações, na expectativa de um cenário mais favorável. Isso pode se traduzir em uma melhora do próprio índice e, depois, nas decisões de negócio”.

A pesquisa da CNI consultou 1.232 empresas entre os dias 7 e 13 de janeiro, sendo 469 de pequeno porte, 459 de médio porte e 304 de grande porte. O recuo do ICEI foi acompanhado por uma diminuição nos dois componentes que o compõem: o Índice de Condições Atuais e o Índice de Expectativas.

O Índice de Condições Atuais caiu 2,3 pontos, passando de 46,5 para 44,2 pontos, refletindo uma avaliação ainda mais negativa por parte dos empresários sobre as condições atuais da economia e das suas próprias empresas em comparação aos últimos seis meses.

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Por outro lado, o Índice de Expectativas teve uma leve queda de 0,4 ponto, de 51,9 para 51,5 pontos. Apesar disso, os empresários mantêm perspectivas positivas para os próximos seis meses, embora a avaliação sobre o futuro da economia do país tenha se tornado mais pessimista.

O cenário de pessimismo entre os empresários industriais ocorre em um contexto de pressão econômica, caracterizado pela disparada do dólar e a necessidade de novas medidas de controle de gastos públicos. O governo anunciou um pacote de cortes de despesas no final de 2024, que foi considerado insuficiente por economistas para conter o crescimento da dívida pública.

A pressão sobre o dólar levou o Banco Central a intervir no mercado, realizando leilões de venda de divisas, o que resultou em uma redução de 7% nas reservas internacionais, que agora totalizam R$ 329,7 bilhões.

Marcelo Azevedo também destacou que “as decisões de investimento e produção estão sendo adiadas, refletindo a incerteza atual”. O ICEI é um importante termômetro da confiança no setor industrial e suas variações podem impactar diretamente a economia brasileira.

Com a queda do ICEI, o cenário para a economia em 2025 se torna mais desafiador. A CNI, no entanto, ainda projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2,4% para o próximo ano, embora o presidente da CNI, Antonio Alban, tenha expressado preocupações sobre a possibilidade de superação das expectativas econômicas.

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