Dólar fecha abaixo de R$ 6 pela primeira vez desde novembro; especialistas analisam
Com fechamento a R$ 5,94, moeda norte-americana reflete incertezas políticas e econômicas.
Na última quarta-feira (22), o dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,94, marcando a primeira vez que a moeda norte-americana fica abaixo de R$ 6 desde 27 de novembro de 2024. Essa queda, de 1,46%, ocorre em um cenário de ajustes no mercado financeiro, com investidores atentos às movimentações do novo governo dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.
Durante a manhã, a moeda chegou a ser negociada a R$ 6,00, mas logo passou a apresentar forte desvalorização. O fechamento anterior, na terça-feira (21), foi de R$ 6,04. A volatilidade do dólar tem sido influenciada por uma série de fatores, incluindo a postura inicial do governo americano e a ausência de anúncios concretos sobre políticas tarifárias.
André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, explica que a desvalorização do dólar é impulsionada pela perda de força do índice DXY, que mede a força da moeda em relação a outras divisas, e pela falta de surpresas nas declarações de Trump. “A atuação do Banco Central brasileiro, através de leilões de linha e redução de reservas internacionais, também ajudou a mitigar a volatilidade”, afirma Galhardo, ressaltando que o movimento é considerado transitório.
Alison Correia, analista de investimentos da Dom Investimentos, complementa que a expectativa de um governo mais neutro em relação ao Brasil, sem pressões tarifárias imediatas, contribuiu para a realização de vendas de dólares. “A permanência do dólar abaixo de R$ 6 depende de sinais mais consistentes do governo brasileiro”, alerta Correia.
O cenário atual é de cautela, com analistas indicando que a estabilidade do dólar está condicionada tanto a fatores internos quanto externos. “A continuidade da queda do dólar é generalizada, mas depende de um ambiente global menos turbulento e da ausência de novos ruídos políticos nos Estados Unidos”, destaca Correia.
Embora o dólar tenha apresentado uma queda significativa, especialistas alertam que a situação ainda é incerta. “O caminho para uma estabilização duradoura da moeda requer disciplina fiscal no Brasil e um cenário internacional mais calmo”, conclui Galhardo.
Além disso, a possibilidade de novas tarifas sobre produtos importados, que Trump já sinalizou, pode impactar o comércio global e a economia brasileira. A expectativa é de que novas medidas sejam anunciadas nas próximas semanas, o que pode gerar novas oscilações na cotação do dólar.
Por fim, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também refletiu esse cenário, apresentando leve recuo de 0,27%, fechando aos 123.001 pontos. O mercado permanece atento às movimentações políticas e econômicas que podem influenciar a moeda nos próximos dias.
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