Em entrevista ao The New York Times, ex-presidente descarta apoio a filhos e planeja candidaturas ao Congresso Nacional.
17 de Janeiro de 2025 às 15h27

Bolsonaro afirma que não apoiará filhos em candidatura à Presidência em 2026

Em entrevista ao The New York Times, ex-presidente descarta apoio a filhos e planeja candidaturas ao Congresso Nacional.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descartou, em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, a possibilidade de apoiar seus filhos em uma eventual candidatura à Presidência da República nas eleições de 2026. Durante a conversa, realizada na última quinta-feira, 16, Bolsonaro enfatizou a importância da experiência para quem deseja ocupar o cargo mais alto do país.

“Para você ser presidente aqui e fazer o correto, você tem que ter uma certa experiência”, afirmou Bolsonaro, referindo-se diretamente a seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos, que têm se mostrado interessados em futuras candidaturas.

Embora tenha descartado o apoio a uma candidatura presidencial de seus filhos, Bolsonaro confirmou que estará ao lado deles nas eleições para o Congresso Nacional. Flávio Bolsonaro já é senador, enquanto Eduardo é deputado federal. Carlos, por sua vez, foi reeleito vereador no Rio de Janeiro, e Jair Renan, o filho mais novo, foi eleito vereador em Balneário Camboriú.

O ex-presidente também revelou seus planos para as próximas eleições, incluindo o lançamento de sua esposa, Michelle Bolsonaro, ao Senado. Eduardo Bolsonaro buscará uma vaga na Casa Alta representando São Paulo, enquanto Flávio tentará a reeleição pelo Rio de Janeiro. Carlos e Jair Renan disputam vagas na Câmara dos Deputados. A candidatura de Michelle está sendo articulada dentro do Partido Liberal (PL) no Distrito Federal.

Além de discutir as futuras candidaturas de sua família, Bolsonaro foi questionado sobre o plano de golpe de Estado revelado pela Polícia Federal, que envolveu aliados na tentativa de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Ele admitiu ter considerado a decretação de estado de sítio após a eleição de Lula, mas desistiu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negar o pedido do PL para invalidar os votos.

“Esqueça”, disse Bolsonaro ao NYT. “Nós perdemos”. O ex-presidente também se defendeu de acusações relacionadas a um suposto plano de execução de Lula e de outras autoridades, afirmando que “por parte dele”, não houve nenhuma tentativa de executar as três autoridades mencionadas.

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A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e mais 39 pessoas na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente enfrenta acusações de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, que podem resultar em até 28 anos de prisão.

Bolsonaro declarou não estar preocupado com o julgamento do caso, afirmando: “Minha preocupação é quem vai me julgar”. Ele também comentou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o declarou inelegível até 2030, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião com diplomatas em julho de 2022.

O TSE concluiu que Bolsonaro utilizou indevidamente o cargo e a estrutura administrativa da Presidência da República para fazer campanha durante a reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada. O ex-presidente classificou a decisão como uma “violação à democracia” e afirmou que busca caminhos jurídicos para se candidatar nas próximas eleições.

Além disso, o TSE também o condenou à inelegibilidade em três ações que envolvem abuso de poder político, abuso de poder econômico e conduta vedada durante as comemorações do dia 7 de setembro de 2022.

Bolsonaro ainda comentou sobre o convite que afirma ter recebido para a posse de Donald Trump, o que o deixou tão animado que brincou que não precisaria mais “tomar Viagra”. Ele expressou entusiasmo pela posse de seu aliado reeleito, marcada para a próxima segunda-feira, 20, e disse que “pede a Deus” pela oportunidade de “apertar a mão” do presidente dos Estados Unidos.

Apesar do otimismo demonstrado por Bolsonaro, a devolução de seu passaporte foi negada pelo ministro Alexandre de Moraes nesta quinta-feira, 16. A entrevista ao NYT foi concedida antes da decisão do STF.

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