Bolsonaro afirma que "pode fugir" do Brasil mesmo sem passaporte internacional
O ex-presidente Jair Bolsonaro critica decisão do STF que impede sua viagem à posse de Donald Trump.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, nesta segunda-feira (20), que tem a capacidade de "fugir agora" do Brasil, mesmo sem seu passaporte internacional, que está retido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2024. A afirmação foi feita durante uma entrevista ao programa AuriVerde, onde ele criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que o impediu de comparecer à posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrida no mesmo dia.
Bolsonaro, que enfrenta investigações relacionadas a tentativas de golpe de Estado, expressou sua indignação com a retenção do documento. "Eu não sou réu. Eu posso fugir agora, qualquer um pode fugir", disse o ex-presidente, ressaltando a falta de justificativa para a proibição de sua viagem.
No dia 16 de janeiro, Bolsonaro havia solicitado a Moraes que reconsiderasse a decisão que o impediu de participar da cerimônia de posse. Ele afirmou ter recebido um convite por e-mail do Comitê de Posse Presidencial, destacando seu bom relacionamento com a família Trump.
“Tenho bom relacionamento com a família Trump. Eu fui convidado, apesar de fake news dizer que não. A imprensa do mundo todo divulgou que fui impedido de ir por causa de um juiz”, afirmou Bolsonaro, referindo-se às informações que circularam sobre sua ausência na cerimônia.
Durante a live, o ex-presidente também comentou sobre a decisão de Moraes, que alegou risco de fuga como justificativa para a retenção do passaporte. Ele criticou a concentração de poderes nas mãos do magistrado, afirmando que Moraes controla diversos aspectos da vida de cidadãos, incluindo a liberdade de viajar.
“Um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil, é dono da sua liberdade. Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator, ele é o promotor, ele é o julgador”, disse Bolsonaro, expressando sua frustração com a situação.
Na posse de Trump, Bolsonaro foi representado por seu filho, Eduardo Bolsonaro, que estava acompanhado da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A cerimônia contou com a presença de uma comitiva de 21 parlamentares de oposição ao governo brasileiro.
O governo do Brasil foi representado apenas pela embaixadora do país em Washington, Maria Luiza Viotti, enquanto o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não participou do evento.
Bolsonaro, que acompanhou a esposa ao aeroporto de Brasília no dia 18, expressou sua tristeza por não poder estar ao lado dela durante a cerimônia. “Eu queria estar ao lado dela e por isso a gente chora, porque que não chora? Ou eu sou uma máquina? Eu tenho as minhas fraquezas”, comentou o ex-presidente.
Na mesma ocasião, ele afirmou estar "chateado" e "abalado" devido ao que considera uma perseguição política, referindo-se às investigações que enfrenta.
A negativa do passaporte por parte de Moraes seguiu a recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se manifestou contra a liberação do documento e a autorização da viagem. O procurador-geral argumentou que não havia evidências de que a viagem aos Estados Unidos fosse de interesse vital para Bolsonaro.
Bolsonaro recorreu da decisão, mas teve seu pedido novamente negado. O ministro destacou que o ex-presidente poderia seguir o mesmo caminho de outros condenados que buscam asilo no exterior, em casos relacionados à investigação atual.
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