Ex-presidente reafirma sua permanência no país, mesmo com passaporte retido por decisão de Alexandre de Moraes.
23 de Janeiro de 2025 às 20h00

“Eu não vou fugir do Brasil”, afirma Bolsonaro em resposta a Moraes

Ex-presidente reafirma sua permanência no país, mesmo com passaporte retido por decisão de Alexandre de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta quinta-feira, 23, que não tem a intenção de deixar o Brasil. A afirmação foi feita em entrevista à CNN Brasil, três dias após ele ter mencionado à rádio Auriverde Brasil que poderia sair do país, apesar de ter seu passaporte retido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu vou para a cadeia, eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando fui para os Estados Unidos. Quando fui para a posse do [Javier] Milei, eu poderia ter ficado, mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente está com o passaporte retido desde fevereiro do ano passado, quando foi alvo da Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A medida foi adotada por Moraes para impedir que Bolsonaro conseguisse deixar o país e escapar de uma possível condenação.

Bolsonaro também expressou seu descontentamento por não ter comparecido à cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do Biden. Isso teve um significado para eles. Lamentavelmente, não pude ir, fiquei muito triste, queria acompanhar minha esposa”, afirmou.

Desde então, o ex-presidente tentou reaver seu passaporte em quatro ocasiões. A decisão mais recente de Moraes foi baseada na alegação de que Bolsonaro defende a fuga do país e o asilo no exterior para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra a liberação do documento, argumentando que a viagem não atende a interesses vitais do ex-presidente.

Com a negativa de Moraes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro representaram o ex-presidente na posse de Trump. Após deixar Michelle no Aeroporto Internacional de Brasília, Bolsonaro disse que estava “constrangido” por não poder ir aos Estados Unidos e que esperava apoio do republicano para reverter sua inelegibilidade política.

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Na mesma entrevista, Bolsonaro comentou sobre as eleições presidenciais de 2026, afirmando que, sem sua presença, a disputa será “parecida com a da Venezuela”. Ele não descartou a possibilidade de uma candidatura de Michelle e de seus filhos, Eduardo e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), nas próximas eleições.

“Flávio é um excelente nome, preparado, tem experiência. Assim como o Eduardo, que é uma pessoa madura e tem vasto conhecimento de mundo. Podem ser opções”, disse Bolsonaro.

Considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em duas ações, Bolsonaro questionou a decisão dos ministros, alegando perseguição política. “Se eu não for candidato, por uma perseguição de um ministro, que diz que abusei do poder político ao me reunir com embaixadores, isso é um abuso de poder econômico”, afirmou.

A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e mais 39 pessoas na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele foi indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, crimes que podem resultar em até 28 anos de prisão.

Bolsonaro voltou a defender que o Congresso aprove um projeto de lei que anistia os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. “Espero que não seja preciso eleger alguém de direita em 2026 para que os perdões sejam concedidos”, disse.

Ao ser questionado sobre o temor de ser preso, Bolsonaro afirmou que “hoje em dia qualquer um pode ser preso sem motivo”.

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