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Motorista é condenado a 13 anos por atropelar e matar ciclista Marina Harkot em SP
O juiz Isadora Botti Beraldo Moro determinou a pena após julgamento que considerou o réu culpado por homicídio e omissão de socorro.
O motorista José Maria da Costa Júnior foi condenado a 13 anos de prisão pelo homicídio da ciclista Marina Kohler Harkot, ocorrido em 8 de novembro de 2020, na Avenida Paulo VI, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. A decisão foi proferida na madrugada desta sexta-feira, 24, após um julgamento que durou mais de 11 horas no Fórum Criminal da Barra Funda, presidido pela juíza Isadora Botti Beraldo Moro.
Durante o julgamento, a maioria dos jurados concluiu que o réu dirigia embriagado e em alta velocidade, características que contribuíram para a tragédia. A pena foi estabelecida em 12 anos de reclusão em regime fechado por homicídio doloso qualificado, além de um ano de detenção por omissão de socorro e condução de veículo automotor com capacidade psicomotora alterada.
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) já anunciou que irá recorrer da decisão, buscando uma pena mais severa para o réu. A procuradora Priscila Pamela Santos afirmou que a intenção é garantir a responsabilização adequada pelo crime, considerando a gravidade da situação. “Nada trará Marina de volta, mas a responsabilização do réu era extremamente necessária”, declarou.
Marina Harkot, de 28 anos, era uma defensora dos direitos dos ciclistas e atuava como pesquisadora em ciclomobilidade e questões de gênero. O acidente ocorreu quando ela pedalava na Avenida Paulo VI, onde o limite de velocidade é de 50 km/h, enquanto o motorista foi flagrado a 93 km/h por radares da via.
Após o atropelamento, José Maria fugiu do local sem prestar socorro à vítima, que foi socorrida por médicos que passavam pela área, mas não resistiu aos ferimentos. A identificação do veículo foi possível graças a uma policial que anotou a placa e à análise de câmeras de segurança que confirmaram a presença do carro na cena do crime.
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A mãe de Marina, Maria Claudia Kohler, expressou sua gratidão pelo apoio recebido durante o processo judicial, mas também manifestou insatisfação com a pena. “Treze anos é um número baixo, mas a batalha continua”, comentou, ressaltando a importância de se lutar por justiça em casos semelhantes.
O movimento “Pedale como Marina” surgiu em resposta ao trágico acidente, reunindo familiares, amigos e ativistas que buscam promover a conscientização sobre a violência no trânsito e a segurança dos ciclistas. O grupo tem se mobilizado nas redes sociais e em eventos para discutir o legado de Marina e a necessidade de mudanças nas políticas de trânsito.
Em sua defesa, José Maria alegou que não estava embriagado no momento do acidente e que não percebeu o atropelamento, mas as evidências apresentadas contradizem sua versão. A defesa planeja recorrer da decisão, buscando a revisão da pena e contestando a condução do processo judicial.
O caso de Marina Harkot se tornou um símbolo da luta por justiça e segurança no trânsito, levantando discussões sobre a responsabilidade dos motoristas e a necessidade de um trânsito mais seguro para todos os cidadãos.
Marina Harkot era graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e sua morte gerou uma onda de apoio e mobilização em torno da causa ciclista na capital paulista e em outras cidades do Brasil.
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