Nota oficial do ministério destaca que o tratamento desrespeita acordos de repatriação firmados com os EUA.
26 de Janeiro de 2025 às 13h33

Itamaraty classifica uso indiscriminado de algemas como inaceitável em deportações

Nota oficial do ministério destaca que o tratamento desrespeita acordos de repatriação firmados com os EUA.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, conhecido como Itamaraty, divulgou uma nota neste domingo (26) expressando sua indignação em relação ao uso indiscriminado de algemas e correntes durante a deportação de brasileiros pelos Estados Unidos. O governo brasileiro considera essa prática como uma violação inaceitável dos termos acordados entre os dois países para a repatriação de nacionais.

De acordo com a nota, os brasileiros deportados chegaram ao Brasil em um voo fretado pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos EUA (ICE), e o tratamento que receberam foi classificado como “degradante”. A situação foi constatada quando a aeronave fez uma escala no aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus, onde as autoridades brasileiras perceberam que os deportados estavam algemados e acorrentados.

O Itamaraty ressaltou que, desde 2018, o Brasil havia concordado com a realização de voos de repatriação para reduzir o tempo de permanência de seus cidadãos em centros de detenção nos Estados Unidos, onde muitos enfrentam a deportação por imigração irregular. A nota afirma que o acordo previa um tratamento digno, respeitoso e humano para os repatriados.

“O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas”, diz o documento. Em resposta ao ocorrido, o Itamaraty informou que irá solicitar esclarecimentos ao governo dos EUA sobre o tratamento dispensado aos deportados.

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A situação dos brasileiros deportados gerou preocupação e indignação, tanto entre os repatriados quanto entre as autoridades brasileiras. Os relatos de maus-tratos e o uso de algemas e correntes durante o voo levantaram questões sobre a adequação das práticas de deportação adotadas pelos Estados Unidos.

Além do uso de algemas, a aeronave enfrentou problemas técnicos, incluindo falhas no sistema de ar-condicionado, o que levou as autoridades brasileiras a não autorizarem o prosseguimento da viagem até Belo Horizonte. Os deportados foram obrigados a pernoitar em Manaus antes de embarcarem em um novo voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para completar o trajeto até a capital mineira.

O episódio ocorre em um contexto de endurecimento das políticas de imigração nos Estados Unidos, especialmente sob a administração do presidente Donald Trump, que tem promovido uma abordagem mais rigorosa em relação à deportação de imigrantes ilegais.

Os relatos dos deportados incluem experiências traumáticas, como agressões físicas e condições inadequadas durante o voo. Um dos deportados, Vitor Gustavo da Silva, de 21 anos, relatou: “Eles maltrataram a gente. Eles bateram na gente algemado e não tínhamos cometido crime. Estava muito calor”. Outro deportado, Luis Fernando Caetano Costa, mencionou que alguns passageiros foram agredidos durante a viagem.

O Itamaraty, por meio de sua nota, reafirmou seu compromisso em garantir a dignidade e os direitos dos brasileiros, tanto no exterior quanto em situações de repatriação, e seguirá atento às mudanças nas políticas migratórias dos EUA.

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