Após meses de deslocamento, palestinos começam a voltar para suas casas no norte da Faixa de Gaza, com a trégua em vigor desde 19 de janeiro.
27 de Janeiro de 2025 às 11h05

Palestinos iniciam retorno ao norte de Gaza após acordo de cessar-fogo com Israel

Após meses de deslocamento, palestinos começam a voltar para suas casas no norte da Faixa de Gaza, com a trégua em vigor desde 19 de janeiro.

Na manhã desta segunda-feira (27), dezenas de milhares de palestinos deslocados começaram a retornar ao norte da Faixa de Gaza, após a entrada em vigor de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que começou no dia 19 de janeiro. Os deslocados, que estavam no sul do enclave, iniciaram sua jornada de volta por volta das 7h, horário local, utilizando a estrada costeira de Nuseirat.

O retorno dos palestinos foi autorizado após o Hamas concordar em libertar a refém Arbel Yehud, além de outros dois reféns até o dia 31 de janeiro. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que, em troca, seis reféns israelenses seriam libertados.

“Após negociações intensas e determinadas, Israel recebeu do Hamas uma lista com a situação de todos os reféns, vivos ou mortos, que poderiam ser libertados na primeira fase do acordo”, declarou Netanyahu no último domingo (26). O governo israelense também informou que recebeu dados sobre a situação de 26 reféns que ainda serão soltos durante a primeira fase do acordo.

De acordo com o correspondente da RFI em Tel Aviv, Nicolas Falez, três reféns devem ser libertados na quinta-feira (30). Entre eles está Arbel Yehud, que foi capturada no ataque do Hamas em 7 de outubro, além de uma militar, Agam Berger, e outro civil cuja identidade não foi revelada. Outros três reféns devem ser soltos no sábado (1º de fevereiro).

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, enfatizou que os acordos de cessar-fogo seriam “rigorosamente aplicados” na Faixa de Gaza e no Líbano. Em uma mensagem na rede social X, ele alertou que “qualquer um que desrespeitar as regras ou ameace as forças do Exército israelense pagará um preço alto. Não permitiremos um retorno ao 7 de outubro”, referindo-se ao ataque do Hamas que desencadeou a guerra em outubro de 2023.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

O ex-ministro da Segurança Nacional israelense, Itamar Ben Gvir, de extrema direita, que se opõe ao acordo, afirmou que as imagens do retorno dos habitantes de Gaza eram “uma vitória” para o Hamas.

O Hamas e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, criticaram a proposta do ex-presidente americano Donald Trump de “limpar” a Faixa de Gaza, transferindo seus habitantes para o Egito e a Jordânia. Trump afirmou ter conversado com o rei Abdullah II da Jordânia e que esperava dialogar com o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sissi.

O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, reiterou a rejeição do país à proposta, afirmando: “Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos”. O presidente al-Sissi também reafirmou o apoio do Egito à permanência do povo palestino em sua terra.

Enquanto isso, o Exército israelense abriu fogo na fronteira com o sul do Líbano, resultando na morte de 22 pessoas, incluindo um soldado libanês e seis mulheres, e deixando 124 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde libanês. O ataque ocorreu enquanto centenas de pessoas tentavam retornar para seus vilarejos, após o fim do prazo para a retirada das tropas israelenses, previsto na trégua com o Hezbollah.

O novo presidente libanês, Joseph Aoun, pediu à população que mantenha “calma e confie em seu Exército”, que busca garantir o retorno seguro aos lares. A ONU também alertou sobre a necessidade de cautela, afirmando que as condições ainda não estão estabelecidas para o retorno seguro dos cidadãos.

O acordo de cessar-fogo, que já dura seis semanas, prevê a liberação de um total de 33 reféns em troca de 1.900 prisioneiros palestinos. A primeira fase do acordo deve estabelecer as condições para a reconstrução de Gaza e a devolução dos corpos dos reféns que morreram em cativeiro.

Veja também:

Tópicos: