Novas provas da PF implicam Wajngarten em esquema de desvio de joias de Bolsonaro
Delegado apresenta ao STF documentos que indicam que ex-ministro atuou para recuperar joias vendidas nos EUA.
A Polícia Federal (PF) apresentou nesta segunda-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF) novas evidências que implicam o ex-ministro de Comunicação do governo Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten, em um esquema de desvio de joias. Os documentos revelam que Wajngarten teria sido autorizado a transportar de volta ao Brasil um conjunto de joias, conhecido como 'Kit Ouro Rosé', que o ex-presidente recebeu como presente e que, segundo investigações, estava à venda nos Estados Unidos.
O delegado da PF, Fábio Shor, destacou que os novos documentos foram encontrados no celular de Marcelo Câmara, ex-assessor especial de Bolsonaro, que também está sendo investigado no inquérito sobre o desvio das joias. A procuração apresentada pela PF autoriza Wajngarten a transportar não apenas as joias da marca suíça Chopard, mas também armas recebidas por Bolsonaro da Arábia Saudita.
A procuração foi emitida poucos dias antes da viagem de Wajngarten aos Estados Unidos, em março de 2023, e, segundo a PF, o objetivo da viagem seria recuperar os itens. Na época, a mídia já havia noticiado sobre o desvio das joias, que supostamente estavam guardadas em uma propriedade do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, localizada nos arredores de Brasília.
Os investigadores já haviam apresentado um relatório final sobre o caso, no qual Bolsonaro e outras 11 pessoas, incluindo Wajngarten, foram indiciados. No entanto, a PF continua a encontrar novas provas no material apreendido durante a investigação, o que pode levar a mais desdobramentos no caso.
Os novos documentos reforçam a alegação de que Wajngarten estava diretamente envolvido em um esquema que tentava desviar pelo menos R$ 6,8 milhões em joias que Bolsonaro recebeu de autoridades de outros países. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), esses itens deveriam ser integrados ao acervo público da Presidência da República.
A investigação da PF foi iniciada após uma reportagem que revelou que o ex-presidente e seus familiares teriam tentado desviar presentes de luxo recebidos durante seu mandato. Os documentos apresentados nesta segunda-feira são considerados uma peça-chave para comprovar a participação de Wajngarten no esquema.
Até o momento, Wajngarten não se manifestou sobre as novas alegações. A defesa de Bolsonaro também foi contatada, mas ainda não respondeu às solicitações.
Um trecho da manifestação do delegado Fábio Shor ao ministro Alexandre de Moraes afirma que “Fábio Wajngarten aderiu ao esquema criminoso, praticando atos executórios, dentro da divisão de tarefas estabelecidas pelos investigados, para recuperar as joias do denominado 'kit ouro rosé', ocultando a localização e movimentação das joias”.
Outro trecho destaca que a estratégia dos investigados era garantir que a versão de que as joias estavam armazenadas na Fazenda Piquet permanecesse intacta, enquanto tentavam trazer os itens de forma oculta para Brasília, simulando uma entrega a partir da fazenda mencionada.
Veja também: